São Paulo – O grupo Nitro pretende aumentar em pelo menos 10% a capacidade da sua fábrica de Especialidades Químicas no Brasil em 2022 e esse acréscimo na produção será usado principalmente para atender aos mercados do Oriente Médio e África (MEA), onde ficam os países árabes. Em entrevista à reportagem da ANBA, o diretor de Especialidades Químicas, Anderson Oba, e o gerente de Negócios Internacionais, Pedro Dorea, contaram que na região estão as maiores expectativas de crescimento da Nitro.
O grupo tem negócios em várias frentes e uma delas é Especialidades Químicas. Nessa área, o principal produto oferecido ao mercado é a nitrocelulose, resina de origem natural feita a partir da celulose. A aplicação vai desde nas tintas de impressão de embalagens flexíveis – usadas para embalar alimentos, por exemplo – até no mercado de cosméticos, de vernizes, farmacêutico, etc. Nessa área também são oferecidos outros produtos como as soluções químicas.
A companhia é brasileira e de grande porte. No ano passado, o faturamento do grupo foi de R$ 1,1 bilhão. A área de Especialidades Químicas garantiu R$ 713,5 milhões. Essa divisão atende mais de 70 países, o que faz com que o mercado externo absorva dois terços da produção. O mercado doméstico responde por um terço dos negócios e a exportação é dividida em fatias parecidas entre quatro regiões, América Latina; Estados Unidos, Canadá e México; Europa; e Oriente Médio e África.
Os planos de crescimento no MEA estão ancorados em uma série de motivos, entre eles os bons resultados que a Nitro vem obtendo na região nos últimos anos e em especial no ano passado. Pesaram no desempenho de 2020 fatores como o atendimento prestado mesmo em um cenário adverso de logística internacional, a maior demanda por embalagens de alimentos que a pandemia causou, a necessidade das empresas de diversificarem seus fornecedores e o serviço customizado oferecido.
Dorea cita como principais mercados da Nitro entre os árabes o Líbano, a Arábia Saudita e o Norte da África, nesse último onde se destaca o Egito. De acordo com o gerente, no Líbano a empresa tem um parceiro que conhece muito bem o mercado local. Já o Egito é visto com grande potencial econômico. “A Arábia Saudita pela questão da inovação, eles têm um viés de inovação e customização”, afirma Pedro Dorea.
A customização é um dos nichos nas quais a Nitro vem investindo. A companhia cria soluções de acordo com a necessidade do cliente. “Se o cliente precisa de determinada formulação que contém uma secagem, um brilho ou alguma especificidade, a gente formula através da área de desenvolvimento técnico. Eventualmente combina solventes, plastificantes, resinas e vende pré-formulada” explica Oba.
Essa estratégia fez a Nitro avançar na criação de uma gama grande de novos produtos para o mercado. Segundo Oba, até 2015 a maioria da receita da área de Especialidades Químicas – 95% – vinha de dois produtos. No final do ano passado, esse percentual estava em 70%. A diversificação e variedade vieram ganhando força. Dorea vê nessa inovação uma boa chance de avançar no mercado árabe. “Eles querem produtos mais especializados para se destacarem não por preço, mas sim por qualidade”, diz o gerente sobre a Arábia Saudita.
Crescimento na adversidade
Na pandemia, um fenômeno tem feito a demanda pelo produto da Nitro crescer não só entre os árabes, mas nos mercados como um todo. “As pessoas estão mais em casa, consumindo mais no supermercado, estocando mais comida, então o mercado cresceu muito”, diz Oba. Com o consumo de alimentos aumentando em casa e se dando em menor proporção nos restaurantes, a tendência foi a necessidade maior de embalagens individuais para os alimentos, cadeia na qual a Nitro é fornecedora de insumo.
A covid-19 também causou ruptura nas cadeias de abastecimento, fazendo com que players da Ásia ficassem sem ter como atender seus clientes, principalmente no início da pandemia, já que ela começou na região. Nesse espaço, a Nitro conseguiu novos clientes em mercados como América do Norte e Oriente Médio. “Ganhamos bastante mercado e conseguimos provar que temos confiabilidade para esses mercados que não eram tradicionais da Nitro”, diz Oba.
O diretor acredita que as indústrias também perceberam a importância de diversificar seus fornecedores. “O ponto principal que foi muito testado na pandemia é o quão confiável é você como fornecedor”, afirma Oba. Ele constata que mercados que eram muito de “leilão”, olhavam apenas o preço, mudaram a mentalidade. Esses fatores, combinados a outros, fizeram a Nitro registrar recorde de exportação na metade de 2020.
Para o Oriente Médio e Norte da África, a Nitro exporta principalmente via Brasil, mas também faz embarques a partir dos Estados Unidos e do Uruguai, onde tem plantas. O diretor Oba conta que os planos da área de Especialidades Químicas da Nitro são crescer entre 10% e 20% na região nos próximos três anos. O aumento da capacidade da fábrica no Brasil em 2022, cujo adicional deve ir ao Oriente Médio, está prevista para o mês de julho. No ano passado, a exportação para a região já cresceu 50% sobre 2019.
Além das unidades produtivas de Especialidades Químicas no Brasil, Estados Unidos e Uruguai, a área possui escritório comercial na Áustria e centros de distribuição no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa. além de estoques avançados em várias regiões do mundo. Além de Especialidades Químicas, as duas outras divisões de negócios do grupo Nitro são Agronegócios, onde são produzidos fertilizantes foliares e de solo, e Químicos Industriais, na qual o foco são produtos como ácido sulfúrico e sulfatos.
Investimento em pesquisa
Dorea conta que a expansão rápida conseguida pela Nitro nos últimos anos, com abertura de fábricas, investimentos em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento e lançamentos de grandes quantidades de produtos é inovadora no segmento químico, onde esses processos costumam ser mais lentos. Só no ano passado, a companhia investiu R$ 100 milhões em modernização da fábrica de nitrocelulose e em pesquisa e desenvolvimento. Ao treinamento foram destinadas mais de 150 horas.
O gerente afirma que a empresa nunca esteve tão perto dos seus clientes e parceiros e por dentro dos negócios deles como no ano passado, apesar da pandemia e da diminuição das viagens. Tanto que, segundo Dorea, o índice de satisfação dos clientes também foi recorde. A Nitro é associada da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e o gerente acredita que o resultado da satisfação dos clientes no ano passado foi baseado também em parcerias como as que a empresa tem com a instituição.
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