Cairo – Mal o turismo do Egito começou a se recuperar das consequências da pandemia de coronavírus, que impactou o ingresso de visitantes estrangeiros no país, e já enfrenta uma nova crise: a guerra entre Rússia e Ucrânia. As duas nações estão entre as maiores emissoras de turistas ao mercado egípcio.
O presidente da Comitê do Turismo Cultural de Luxor, Mohamed Othman, disse que o Egito conseguiu atrair os turistas ucranianos e russos para o turismo cultural, mas que a guerra que está acontecendo vai atingir negativamente o turismo no Egito em modo geral.
Segundo Othman, o percentual de participação de Ucrânia e Rússia no turismo de lazer do Egito é de 50%, logo atrás de Inglaterra e Itália. Ele disse que o impacto negativo chegará principalmente no turismo de um dia nas cidades de Luxor e Assuã, nas quais os dois países representam mais de 60% das visitas.
Os hotéis egípcios anunciaram que vão oferecer estadia gratuita de apenas três dias para os ucranianos que se encontram no Egito. Othman disse que foi solicitado à diplomacia da Ucrânia que procure alternativas para a volta dos turistas ao país de origem, através da vizinha Bielorrússia, já que os aeroportos da Ucrânia estão fechados. Segundo ele, os russos também podem enfrentar dificuldade na volta ao país por causa da guerra.
Othman afirmou que o Ministério do Turismo monitora os números de russos e ucranianos nos hotéis egípcios e está negociando com os responsáveis dos dois países o retorno.
Turismo de saúde e espiritual
O ex-chefe do Comitê de Turismo e Aviação da Conselho dos Deputados do Egito, Amr Sedky, disse que o país vinha dependendo do turismo oriundo da Rússia e Ucrânia nos últimos tempos. Mas esse turismo tem perfil de lazer, que não é considerado imprescindível para os viajantes como é o turismo de saúde ou espiritual.
Sedky chamou a atenção ao fato de que o Egito precisa desenvolver outros tipos de turismo, como o espiritual, que cresce nos períodos de crises, além do turismo de saúde dedicado aos feridos das guerras. Ele lembrou que na pandemia houve aumento do desejo dos muçulmanos de viajar ao Reino da Arábia Saudita para fazer a Umrah, que é a peregrinação até a Mesquita Sagrada na cidade de Meca.
Sedky acrescentou que o percentual real que russos e ucranianos representam no turismo do Egito não é divulgada, e que é preciso promover as viagens ao Egito em outros mercados, tendo em consideração a continuação da crise do coronavírus e o fechamento de inúmeros aeroportos internacionais.
Ele disse que há rumores de que no mês de maio o mercado das viagens será retomado e que isso resultará na atração de visitantes de alguns dos países que eram importantes emissores de turistas ao Egito antes da propagação da covid-19, como Itália, Alemanha e Inglaterra.
Ucranianos em resorts egípcios
O presidente da Associação de Investidores de Marsa Alam, Tarek Shalaby, disse que mais de 30 aviões da Ucrânia, República Checa, Polônia e Rússia aterrissavam em Hurghada e Marsa Alam semanalmente até a data da invasão russa à Ucrânia. As duas são importantes cidades turísticas do Egito. Em Marsa Alam era 13 por semana.
Shalaby disse que os ucranianos estão hospedados nos hotéis em Marsa Alam, e que os empreendimentos estão esperando um decreto do Ministério do Turismo, que deve ser emitido em cooperação com o Conselho dos Ministros do Egito e a Embaixada da Ucrânia no Egito, para resolver a situação dos turistas ucranianos.
Segundo ele, o Ministério de Turismo do Egito está negociando com o governo ucraniano como transportar os ucranianos ou se eles vão permanecer no território nacional egípcio, e qual a autoridade que vai se responsabilizar pela estadia deles.
O presidente da Associação dos Investidores Nuweiba-Taba, o engenheiro Samy Suleiman, disse acreditar que a guerra não vai se prolongar e esperar um mínimo impacto negativo sobre o turismo. Nuweiba e Taba são regiões turísticas no Egito. Suleiman afirmou que o turismo de ucranianos no Egito cresceu muito ultimamente, que o Egito depende muito do turistas vindos da Ucrânia, mas que, depois da guerra, outras alternativas serão buscadas.
*Traduzido do árabe por Ahmed El Nagari