Débora Rubin
São Paulo – Dubai quer entrar na rota das grandes galerias e do fabuloso comércio de arte contemporânea. Enquanto o vizinho Abu Dhabi se prepara para receber o museu Guggenheim em 2012, Dubai quer ocupar um espaço mais específico no mundo das artes, o da comercialização. Tanto que, no ano passado, a Christie’s fez o primeiro leilão no emirado e agora se prepara para abrir um escritório. A Gulf Art Fair, que é patrocinada pelo Dubai International Financial Centre (DIFC) e tem o patronato da princesa Haya Bint Al Hussein, quer justamente atrair mais galerias e compradores para o Oriente Médio.
Segundo o diretor do evento, o inglês John Martin, também dono de galeria e organizador de mais 200 mostras no circuito Inglaterra-Estados Unidos, a idéia é que Dubai seja não só um centro de comercialização de arte contemporânea mas que tenha como foco o que vem sendo produzido pelos artistas do Oriente Médio e da Ásia.
"Há uma comunidade artística vibrante aqui no Oriente Médio, tem muita gente talentosa. Infelizmente, essas pessoas acabam indo para Nova York ou Londres para se formar. Mas com o crescimento do mercado de arte em Dubai, isso tende a mudar", acredita o diretor do evento. Para ele, falta ainda ao país uma grande escola de artes, que seja uma referência na formação de novos artistas no Oriente Médio.
Durante os três dias da feira, que será realizada no Madinat Jumeirah – The Arabian Resort, haverá não só a mostra das 38 galerias como palestras com artistas e até um "programa educacional" patrocinado pela casa de leilão Sotheby’s para futuros colecionadores. Segundo Martin, houve toda uma preocupação para que as obras apresentadas durante o evento fossem apropriadas para o contexto islâmico. "Em outras palavras, que se evitasse imagens de nudez e de cunho religioso", explica.
Apesar de ser a primeira edição da feira, mais de 140 galerias se inscreveram para participar. Para 2008, Martin prevê que o número de expositores suba de 38 para 80. E que mais países participem. Entre as galerias mais conhecidas que estão participando este ano estão a White Club, de Londres, a Max lang de Nova York e ainda a chinesa Pekin Fine Arts. A representante de Dubai é a Third Line. Não há nenhuma galeria ou artista brasileiro participando nesta primeira edição.
A arte como negócio
John Martin, o diretor da Gulf Art Fair, acredita que a comercialização de obras de arte só tende a crescer nos próximos anos. Tanto que bancos como UBS e Citibank já criaram departamentos exclusivos para essa área, para aconselhar clientes. "As pessoas estão comprando arte como investimento", diz ele.
Para os artistas, acredita o especialista, nunca houve momento melhor que esse. "O mercado de arte está em alta. Nunca houve tanta gente colecionando, produzindo e, melhor, querendo aprender sobre o tema", diz. "Se o que está sendo produzido é valoroso? Algumas coisas sim, outras não. Só o tempo dirá. Mas o importante é que finalmente as pessoas estão descobrindo que arte contemporânea não é tão difícil como se pensava".
Saiba mais
www.gulfartfair.com

