São Paulo – O alimento halal brasileiro é seguro e sustentável. A frase foi dita por mais de um convidado do painel ‘Brasil – Sustentabilidade e tecnologia no setor de alimentos’, no primeiro dia do fórum de negócios Global Halal Brazil. O fórum vai até quarta-feira (08) e é promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras Halal).
O presidente da CropLife Brasil, Christian Lohbauer, disse que o alimento brasileiro é seguro, tem qualidade em toda sua cadeia de produção desde o início da produção, que suas instituições de controle são sérias, e que há controle absoluto. “A certificação halal brasileira é absolutamente segura e tem que ser prestigiada dessa forma”, declarou. A Croplife Brasil é a união de cinco associações brasileiras do setor de biotecnologia.
“O alimento brasileiro é seguro, sustentável e de altíssima qualidade”, complementou Camila Sande, coordenadora de Promoção Comercial na Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Sande informou que a entidade representa aproximadamente dois milhões de produtores rurais no Brasil. Para ela, é preciso trabalhar a diversificação da pauta de alimentos com foco nos alimentos de maior valor agregado, bem como inserir pequenos e médios empresários rurais no comércio exterior. “Estamos falando de produtos lácteos, mel e derivados, cafés especiais, frutas e processados de frutas, e pescados”, disse Sande.
Para a coordenadora, o maior desafio da tecnologia para modelos sustentáveis na produção de alimentos é fazer essa tecnologia chegar ao produtor, treinar, capacitar e engajar o produtor. “A CNA oferece o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) que capacita os produtores em suas propriedades, desde assistência técnica e gerencial até agricultura de precisão com as mais sofisticadas tecnologias”, disse.
Ela falou ainda que existem linhas de crédito rural dentro do programa ABC (Agricultura de Baixo Carbono) que os produtores rurais podem acessar para adaptar suas propriedades.
Região que importa
Representando os países árabes, o diretor-geral adjunto e representante regional para o Oriente Próximo e Norte da África da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês), Abdulhakim Rajab Elwaer, contou que o mercado islâmico tem 1,3 bilhão de consumidores no mundo que seguem preceitos religiosos, econômicos e políticos e que querem alimentos adequados não só ao halal mas em aspectos econômicos, financeiros e vindos de fontes corretas.
“Vivemos em uma região em que mais de 60% dos alimentos são importados. Estamos falando de mais de US$ 2,3 trilhões e esse mercado deve crescer anualmente 20%”, disse Elwaer. Ele informou que os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, na sigla em inglês) importam mais de US$ 50 bilhões em produtos halal por ano, e os Emirados Árabes Unidos, mais de US$ 1 bilhão anualmente.
Elwaer ressaltou a importância da tecnologia e da sustentabilidade na cadeia de produção, mencionando a rastreabilidade, o blockchain e a digitalização como elementos-chave para esse fluxo de produtos.
O diretor-geral lembrou que a pauta do clima é cada vez mais importante na região do Oriente Médio e Norte da África (Mena), e que a região é muito afetada por terras secas e escassez hídrica. “O mais importante é a confiança e a credibilidade. Quanto mais a tecnologia for implementada para garantir isso, incluindo a rastreabilidade, mais esse produto ou empresa será respeitada”, disse.
Ele ainda disse que o halal não deve ser voltado apenas para a comunidade islâmica, mas que se deve expandir o acesso de alimentos e cosméticos halal, por exemplo, a outros mercados por meio de uma cooperação sul-sul, para incentivar o comércio entre esses países.
A moderação foi de Silvia Helena Galvão de Miranda, chefe do departamento de Economia, Administração e Sociologia na Escola Superior de Agricultura Luiz Queiroz – Universidade de São Paulo (ESALQ-USP).
O fórum ocorre com o patrocínio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), BRF, Pantanal Trading, Portonave e Iceport.
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