São Paulo – O Brasil se destaca como principal exportador de proteína halal, mas, de acordo com a Coordenadora de Projetos de Promoção Internacional do Agronegócio da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Paula Soares, há um projeto para que outros setores produtivos comecem a se destacar e entender este mercado.
“O mercado halal tem que ir além do setor de proteínas. O primeiro passo do Projeto Halal do Brasil da ApexBrasil, que começou há um ano, é fazer com que outros setores, como turismo e moda, entendam que o halal vai além da certificação. O halal também envolve sustentabilidade e cadeia de suprimentos, por exemplo. As companhias brasileiras que não são da área de proteína não têm essa informação ainda”, disse Paula durante o 2º Global Halal Brazil Business Forum (GHB), promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela certificadora Fambras Halal, nesta segunda-feira (23), em São Paulo. A Câmara Árabe é parceira da ApexBrasil no Projeto Halal.
No painel “Valor agregado do halal para os consumidores”, mediado pelo professor assistente de Sociologia e Estudos Islâmicos da Johns Hopkins University dos Estados Unidos, Ryan M. Calder, Paula falou sobre as outras iniciativas. “O objetivo do segundo e terceiro passos é envolver as empresas brasileiras em feiras e missões realizadas pelo governo e a Câmara de Comércio Árabe Brasileira, para que elas aprendam mais sobre o mercado halal e as oportunidades de vendas que existem nos países. Além dos países mulçumanos, a Europa e os Estados Unidos também estão consumindo produtos halal. O projeto deve ter duração de três anos”, completou Paula.
Além da Coordenadora de Projetos de Promoção Internacional do Agronegócio da ApexBrasil, outros palestrantes falaram sobre o tema nesta segunda-feira (23). “Queremos mostrar que há muitas oportunidades nas áreas de manufaturados e processados, como, por exemplo, os cosméticos e os alimentos exóticos no mercado do Golfo”, disse Khaled El Atat, CCO da Drops Holding Group, do Kuwait.
De acordo com Atat, o Brasil tem grandes oportunidades de crescimento nestas áreas no Kuwait porque já é conhecido por seus produtos de qualidade. “Para ganhar a concorrência com outros mercados, é necessário focar na precificação e na apresentação dos produtos para atender o consumidor final, que é muito exigente”.
A perspectiva de crescimento para outros setores do mercado halal foi confirmada pela pesquisa divulgada no ano passado pelo Salaam Gateway – Portal de Economia Islâmica Global. “Há uma projeção de crescimento em gastos nos setores de alimentos e bebidas, produtos farmacêuticos e cosméticos de US$ 2 trilhões (cerca de R$ 10 trilhões de reais) em 2024”, explicou Shaik Zakeer Hussain, gerente de operação da Salaam Gateway na Índia.
Reputação da marca Halal
No painel, o CEO da Câmara de Comércio Islâmica, Ashraf El-Tanbouly chamou a atenção para os cuidados que devem ser tomados para que a reputação da marca Halal se mantenha no mercado global.
“Sabemos que os muçulmanos, cerca de 25% da população global, consomem produtos halal, por isso há muita demanda. Mas nem todos os países seguem o mesmo padrão para certificação halal. Existem muitos certificados e nem todas as certificações são autênticas, por isso hoje existe uma confusão no mercado. Para dar mais credibilidade e manter a fé dos consumidores, é necessário colocar dados importantes, como o site da empresa. Caso os consumidores percam a fé nas empresas, será difícil recuperá-la depois”, afirmou Ashraf.
O GHB ocorre com apoio da International Halal Academy, Câmara Islâmica de Comércio, Indústria e Agricultura, União das Câmaras Árabes e Liga Árabe, e parceria do Governo Federal, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), Ministério das Relações Exteriores e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Os patrocinadores são BRF, Marfrig, Minerva Foods, Laila Travel, Turkish Airlines, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), Travel Plus, H2R Insights & Trends, World Logistic Passport (WLP), Banco ABC Brasil, Seara, Pão & Arte, Cristal Plus e Pamunã Alimentos.