São Paulo – Os convidados do painel “Sustentabilidade e ética: construindo uma reputação de confiança”, realizado nesta segunda-feira (27) como parte do Global Halal Brazil Business Forum afirmaram que obter uma produção sustentável é possível para empresas e processos que adotam o conceito halal, de produtos cujo consumo é permitido para os muçulmanos. O encontro é realizado no WTC Events Center, em São Paulo nesta segunda-feira (27) e na terça-feira (28).

O diretor global de Sustentabilidade e Assuntos Corporativos da MBRF, Paulo Pianez, afirmou que a empresa, dona de marcas como a Sadia, líder de mercado em nações do Golfo, tem uma divisão exclusivamente dedicada ao segmento halal. “Quando se faz a conexão entre sustentabilidade e halal, as coisas se conversam perfeitamente. Quando se fala em sustentabilidade, a gente fala em integridade, ética, em fazer com que haja distribuição naquilo que é produzido e produzir da melhor maneira possível”, disse Pianez.
O tema da edição deste ano do GHB é “halal green”, que busca discutir como os conceitos halal se conectam com o desafio da sustentabilidade. Produtos halal são feitos a partir de normas permitidas pelo islamismo. Seguem rigorosos padrões de higiene, bem-estar animal e de relação entre empresas e funcionários. Produtos halal não podem conter derivados suínos nem álcool, que são proibidos pelo islamismo.

Diretora da Sustentabilidade da Seara Alimentos, Sheila Guebara afirmou que a empresa tem diversos parâmetros e normas em favor da sustentabilidade, que passam desde uma renovação da sua frota para emitir menos gases causadores do efeito estufa até a adoção de agricultura regenerativa, que busca regenerar áreas verdes e também integrá-las à pecuária e parcerias com os produtores de gado.
Secretário-geral do Standards and Metrology Institute of Islamic Countries (SMIIC), Ihsan Övüt afirmou que há práticas halal que já são monitoradas e avaliadas pela instituição e que contribuem com os conceitos de sustentabilidade. “Quando falamos em bem-estar animal significa que os animais precisam crescer longe de abuso, o que é o halal, o que acaba levando a atender padrões éticos de sustentabilidade”, disse.

Vice-presidente executivo para Assuntos Regulatórios e Pesquisas do Saudi Halal Center, Mohammad Al Dafiri, afirmou que a instituição, responsável por determinar padrões do que é halal, busca aplicar a governança no desenvolvimento sustentável e que há investimentos para a produção halal que se aplicam às necessidades da sustentabilidade. É o caso, por exemplo, de treinar e desenvolver a competência das pessoas para atuar na produção halal. Outro exemplo, citou, são os investimentos em tecnologia, que se refletem tanto em capturar e reduzir emissões de gases como em estabelecer e elevar padrões halal.
O moderador do painel, coordenador do Centro de Estudos do Agronegócio da Fundação Getulio Vargas, Guilherme Soria Bastos Filho, lembrou que o Brasil será sede, a partir de 10 de novembro, da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP30 e que a sustentabilidade no Brasil estará em foco. Guebara afirmou que esta COP trará a oportunidade de empresas mostrarem o que está sendo feito para promover o desenvolvimento sustentável no Brasil. “Sustentabilidade é a combinação de desempenho em várias áreas”, disse Sheila.

O fórum é promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela Fambras Halal Certificadora. O GHB tem como patrocinadores MBRF (Marfrig – BRF), MODON (Saudi Authority for Industrial Cities and Technology Zones), Seara, CaraPreta Carnes Nobres, EcoHalal, Emirates, Grupo MHE9, Laila Travel e Prime Company, SGS, com catering da Água Mineral Frescca e Pão & Arte Frozen Bread. São parceiros estratégicos Islamic Chamber of Commerce and Development (ICCD) e Islamic Chamber Halal Services (ICHS). Também há apoio institucional da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), Brazilian Beef, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Brazilian Chicken, International Halal Academy e União das Câmaras Árabes (UAC).


