São Paulo – “O halal nasceu ESG, só é halal se você preserva o meio ambiente para poder produzir. Só é halal se efetivamente [a empresa] não tem mão de obra escrava ou trabalho infantil. Só é halal se essa produção privilegiou a saúde humana. A preservação da vida dentro da tradição islâmica se impõe. Esse é o nosso compromisso dentro do ESG”, disse Ali Hussein El Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), durante o painel Governança corporativa em operações internacionais.
Na programação do Fórum Econômico Brasil & Países Árabes, o painel trouxe debate sobre as melhores práticas adotadas por empresas internacionalmente competitivas e os desafios de ter boas práticas de governança internacional. ESG significa governança ambiental, social e corporativa (Environmental, social and corporate governance).
Zoghbi disse ainda que, na parte social, a Fambras e as empresas certificadas de alguma maneira participam de ações sociais e assistenciais, atendendo milhões de pessoas menos favorecidas. “É importante ter responsabilidade social no país em que vivemos”, declarou.
O CEO global da BRF, Lorival Luz, falou sobre a presença da empresa nos países árabes, onde atua há mais de 50 anos e conta com duas fábricas, uma nos Emirados Árabes Unidos e outra na Arábia Saudita. “O importante é a continuidade, a resiliência e a consistência de estar presente nesses países garantindo a segurança alimentar e o fornecimento para toda população e trabalhando com integridade, compliance, transparência nas nossas relações, fortalecendo essas relações e nos adequando à mudança de hábito dos consumidores”, declarou.
A BRF é uma empresa brasileira de proteína animal que exporta para mais de 120 países, incluído os 22 árabes, e tem cerca de 100 mil funcionários.
“A produção brasileira tem a sustentabilidade em seu DNA”, afirmou Ricardo Santin, presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), durante o painel. Ele relatou todo o processo de produção de proteína animal com segurança e rastreabilidade, respeitando os processos da certificação halal na produção de frango. Ele lembrou que o Brasil foi o único grande produtor de aves que não teve casos de influenza aviária.
“Nosso grande desafio é continuar a fazer bem, respeitando os ritos da tradição islâmica e garantindo a segurança alimentar no mundo árabe”, declarou.
A diretora de Relações Internacionais da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Sueme Mori, disse que “o Brasil tem condições de garantir o abastecimento interno e aumentar suas exportações respeitando as boas práticas [ESG] tanto do ponto de vista social como ambiental”.
O presidente do banco de desenvolvimento do Estado de São Paulo (Desenvolve SP), Sérgio Gusmão, contou que “em termos de governança, o Desenvolve SP tem uma preparação para projetos que permite a mobilização de capital privado, com projetos de infraestrutura como estradas, ferrovias, portos, saneamento básico e outros temas em que o capital privado pode ser investido e recebemos capital do mundo árabe de braços abertos”. Segundo ele, muitos fundos soberanos do mundo árabe já têm escritório em São Paulo e outras cidades do País, e estão aplicando capital nessas áreas.
O moderador do painel foi o jornalista palestino-kuwaitiano Ahmed Shihab-Eldin.
O Fórum Econômico Brasil & Países Árabes é realizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira em parceria com a União das Câmaras Árabes e apoio da Liga dos Estados Árabes, e patrocínio da Travel Plus, Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Fambras Halal, Embraer, Parque Tecnológico Itaipu, Pantanal Trading, Embratur, Khalifa Industrial Zone Abu Dhabi (Kizad), Cdial Halal, Modern Living, BRF, Egyzone/AM Development, Antika/Openet BV, First Abu Dhabi Bank, Egyptian Financial & Industrial Co. (EFIC), Suez Company for Fertilizers Production (SCFP), Cooperativa Agropecuária de Boa Esperança (Capebe), Prima Foods e Afrinvest.
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