Silwan Abbassi*
Brasília – Após a compra da egípcia Al Ahram Beverages Company (ABC), em 2002, a cervejaria holandesa Heineken alcançou uma posição de destaque no mercado árabe e muçulmano de bebidas, com a Fayrouz, uma bebida sem álcool a base de malte e com sabores diferentes.
Em entrevista a edição egípcia do jornal Daily Star, o presidente da ABC, Marc Busain, disse que a Fayrouz "é uma bebida gaseificada natural e sem álcool". "A grande diferença entre a Fayrouz e um refrigerante tradicional é que ela é feita à base de malte, então não há produtos químicos e xaropes nela", disse.
Para produzir a bebida, a ABC usa malte produzido na região. Em Abril de 2001, a ABC inaugurou a cervejaria Greenfield na cidade de El Obour. Foram investidos US$ 50 milhões nas instalações, que substituíram cervejarias que haviam sido construídas em 1914. Com capacidade de produção de cem milhões de litros, a planta El Obour não é a maior da região, mas é uma das mais modernas do mundo.
O processo de fabricação da Fayrouz é semelhante ao de uma cerveja comum, mas a Al Ahram não faz a fermentação, o que evita a produção de álcool. Assim a bebida pode ter certificação halal, sendo apropriada para o consumo por muçulmanos.
A empresa egípcia introduziu a Fayrouz com sabor de abacaxi em 2000 e vendeu 7 milhões de litros nos primeiros seis meses após o lançamento. Hoje a bebida, cujo nome significa "turquesa" em árabe, está disponível em vários sabores: limão, maçã, morango, pêssego, manga, tangerina e pêra, além de abacaxi.
As principais marcas de bebidas não alcoólicas fabricadas pela ABC são a Fayrouz e a RC Cola. A Fayrouz é exportada para a Arábia Saudita e Marrocos desde agosto de 2005 e compete em pé de igualdade com grandes marcas como Coca-Cola e Pepsi. No Egito, Busain estima que a bebida tem 14% do mercado de refrigerantes.
A ABC também produz cervejas normais, entre elas as marcas egípcias Stella e Sakara, além da própria Heineken, e também vinhos e outras bebidas alcoólicas. A empresa vendeu 196 milhões de litros de bebidas em 2005 e pretende aumentar este volume em 15% até o final de 2006.
Aquisição
Para entrar no mercado egípcio, a Heineken investiu US$ 287 milhões na compra da Al Ahram Beverages em outubro de 2002, fechando o maior negócio financeiro da história do Egito, de acordo com o jornal New York Times.
Segundo o jornal britânico The Guardian, com as bebidas não alcoólicas a Heineken pretende abocanhar uma boa parte do mercado muçulmano e até mesmo do mercado ocidental. O jornal francês Le Monde, informa que a empresa pretende tirar proveito de sua grande rede de distribuição para exportar a bebida para outros países do Norte da África, como Tunísia, Argélia e Líbia.
A Heineken pretende ampliar a produção da Fayrouz e ganhar também uma parcela maior do mercado dos países do Golfo. "São grandes países muçulmanos e temos um produto único," declarou Steven Keefer, funcionário da subsidiária ABC no Cairo. Keefer acrescentou que apesar de não ser um produto religioso, a bebida da empresa "vai de encontro às necessidades de uma grande parcela da população mundial."
Concorrência
A companhia holandesa, no entanto, tem de lidar com outros concorrentes em sua batalha pelo mercado muçulmano. Ao mesmo tempo em que a Heineken adquiria a ABC no Egito, a Carlsberg, sua concorrente dinamarquesa, comprava a Moussy, uma marca suíça de bebidas maltadas não alcoólicas que é líder no mercado saudita.
A Moussy, porém, não é uma bebida que se espelha na cerveja. Em sua página de internet, os fabricantes da bebida oferecem receitas de coquetéis com suas bebidas de sabor limão, morango, pêssego e maçã.
De acordo com a revista Modern Brewery Age, especializada no mercado global de cervejarias, no ano de 2003 a Fayrouz vendeu 45 milhões de litros no Egito. A partir de sua fábrica na suíça, a Moussy exporta para a Arábia Saudita aproximadamente 30 milhões de litros por ano.
*Tradução de Mark Ament

