São Paulo – “Aprender um idioma como o árabe é um trampolim para chegar ao coração daquela cultura”. A afirmação é da conselheira e chefe dos setores Consular e de Promoção Comercial e Investimentos da Embaixada do Brasil em Omã, Claudia Assaf (foto acima), durante a palestra “A língua árabe e a diplomacia comercial e consular brasileira”, realizada nesta quinta-feira (14) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo.
De malas prontas para voltar a Omã, Claudia falou sobre sua rica trajetória profissional, permeada pelo aprendizado do idioma árabe. Brasileira de família árabe, Claudia se formou em matemática, e muito jovem atuou no setor de tecnologia. Depois, já no intuito de aprimorar seu árabe, foi estudar na Síria, terra de seus avós, por dois anos. Esse foi o ponto de partida para sua experiência nos ares. “O árabe me ajudou em minha ascensão profissional”, disse.
Claudia trabalhou como comissária de bordo na Gulf Air, uma companhia aérea do Bahrein. Com a fluência em árabe e sua experiência profissional, foi convidada a trabalhar para a ala real da Gulf Air dos Emirados Árabes, atendendo o emir de Abu Dhabi e sua família, atuando como comissária e gerenciando o catering dos aviões reais. Sua carreira como comissária durou oito anos.
Com toda essa bagagem, de volta ao Brasil, Claudia decidiu se especializar em Relações Internacionais e estudar para o concurso do Instituto Rio Branco. Alguns anos depois, ingressou na carreira diplomática. Claudia já atuou em quase todas as embaixadas na região do Golfo, e seu sonho agora é trabalhar na embaixada do Brasil em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para completar a experiência nos países do GCC.
A conselheira tem um livro publicado sobre o tema, “Diário de Bordo – um voo com destino à carreira diplomática”, em que ela conta sobre sua experiência de vida. Claudia também é professora de árabe para brasileiros e tem um perfil no Instagram (@ddd.arabe) em que dá dicas sobre diplomacia e a língua árabe.
“Os que estudam línguas o fazem para chegar ao coração daquela cultura, estabelecer conexões. Quando se está em um país árabe e você fala uma ou duas palavras coloquiais do idioma, isso tem o efeito ‘uau’, porque as pessoas não esperam que você fale, eles ficam felizes”, disse Claudia.
Ela afirma que é preciso aprender o árabe clássico para conseguir se comunicar em todos os países árabes. “Quem não quer ir só até a página dois, precisa aprender o árabe clássico, que não é erudito, e o coloquial daquele país. Mas o [árabe] clássico, todos entendem”, declarou.
Muita gente pergunta a Claudia por que estudar o árabe. “Eu foquei no estudo do árabe, mas a jornada me trouxe tudo, meu trabalho na aviação, na diplomacia. Graças ao árabe, as portas se abriram”, disse.