Alexandre Rocha, enviado especial
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Sanaa (Iêmen) – Hoje 22 empresas brasileiras estão registradas no Ministério da Indústria e Comércio do Iêmen como fornecedoras de produtos ao país. Entre elas estão indústrias de autopeças, refrigeração, tratores, motores, máquinas e equipamentos, portas de madeira, doces e alimentos em geral. A informação foi dada ontem (02) pelo vice-ministro da pasta, Ali Ahmed Al-Siaghi, durante encontro com o secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, em Sanaa, a capital iemenita.
No comércio da cidade é possível encontrar facilmente alguns produtos brasileiros, como chocolates Garoto e frangos da Sadia, Frangosul e Al-Islami, empresa de Dubai que compra frango do Brasil e comercializa no Oriente Médio com marca própria. De outros segmentos estão listadas outras empresas, como a Mangels, de autopeças, a Cônsul e a Continental, de refrigeração e fogões, a Valmet, de tratores, e a MWM, de motores.
Mas como ocorre em outros países árabes, o Iêmen quer ampliar o número de fornecedores. “Importamos muita coisa, especialmente commodities agrícolas”, disse Siaghi. O Iêmen tem alguma produção de grãos, incluindo trigo e milho, mas não o suficiente para abastecer o mercado interno.
Nos últimos 12 meses concluídos em janeiro, o Iêmen importou do Brasil o equivalente a US$ 157,7 milhões, principalmente em açúcar e carne de frango. Já as importações de mercadorias iemenitas foram insignificantes, somaram US$ 60 mil. “Espero que essa relação cresça em benefício dos dois países”, acrescentou o vice-ministro.
De acordo com ele, o país liberalizou o comércio e a taxa máxima para importação é de 20%, sendo que para os gêneros alimentícios é abaixo de 5%. “Para a maior parte dos alimentos a taxa é zero”, ressaltou. O país se prepara para em dois anos adotar o mesmo regime tarifário do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC), onde a alíquota máxima do imposto de importação é de 5%.
Investimentos
Siaghi destacou também as oportunidades de investimentos existentes em seu país, onde os estrangeiros podem deter 100% do capital de seu negócio e o governo concede incentivos para indústrias que queiram se instalar em zonas francas, como a da cidade de Aden. “A Zona Franca de Aden tem como vocação também as reexportações, e o alvo é Leste da África, um mercado de 200 milhões de pessoas”, disse o vice-ministro.
A principal fonte de receitas do Iêmen é a produção de petróleo. Outras atividades importantes, de acordo com Siaghi, são a agricultura, a pesca e o turismo. A indústria tem uma participação pequena na economia local. Entre os produtos agrícolas, que são exportados especialmente aos países do GCC, estão frutas e outros vegetais e mel.
O apoio internacional também é importante, principalmente das nações do Golfo. De acordo com o diretor-geral de Relações Públicas do ministério, Mohamed Abdul Aziz Ghaleb, o montante arrecadado com a ajuda externa chega a US$ 5 bilhões para investimentos em empreendimentos no país. “Tivemos uma grande conferência sobre investimentos aqui no ano passado e vendemos US$ 3 bilhões em oportunidades”, exemplificou.
“Temos que fazer os empresários dos dois países sentar juntos e conversar”, disse o vice-ministro. Neste sentido, ele e Alaby falaram da possibilidade da realização de missões comerciais, especialmente a ida de importadores iemenitas ao Brasil, e de uma eventual participação brasileira na feira multissetorial de Sanaa, que ocorre em meados do ano.

