São Paulo – Fortalecer a imagem do café brasileiro na Arábia Saudita é o plano do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) para 2021. O projeto vai trabalhar a imagem do café brasileiro, especialmente a da sustentabilidade ambiental e social e a diversidade de regiões produtoras. Na foto acima, produtor colhe café na região do Caparaó, que abrange municípios do Espírito Santo e de Minas Gerais.
A ideia de ampliar o comércio com a Arábia Saudita partiu de uma outra experiência que o Cecafé vem desenvolvendo nos últimos anos, essa com a China. “Nós já temos um contato permanente com clientes interessados, mas agora pensamos em estruturar algo mais de promoção da imagem, como fizemos na China. Isso envolve vídeos promocionais, envio de amostras, fazer o trabalho de agregar o conhecimento maior do Brasil. Inclusive, pós-pandemia fazer intercâmbio, trazê-los às regiões produtoras do Brasil e nós também indo as feiras”, contou Marcos Matos, diretor-geral do Cecafé.
O plano é seguir uma estratégia que já vem sendo aplicada para tirar de cena a imagem brasileira de gigante da produção e substitui-la por histórias que possam criar mais conexão com os consumidores. “Queremos contar histórias mais humanas, mostrar quem são os produtores, como vivem, como funciona a cadeia produtiva no Brasil e as origens produtoras que temos”, avaliou Matos.
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Embora seja apenas o 6º mercado árabe e o 37º no ranking geral de exportações do Brasil, a escolha pela Arábia Saudita pretende que o país impulsione a imagem brasileira para a região em seu entorno. O interesse do bloco árabe pelo produto brasileiro vem crescendo a taxa média anual de 11,2% desde 2016. “Nós debatemos a certificação halal em uma reunião grande, com mais de 120 associados presentes. Foi surpreendente a participação. Nós olhamos para os países árabes e as particularidades de cada nação vão fazer parte da curva de aprendizado”, explicou ele sobre a reunião que ocorreu em fevereiro deste ano.
O interesse dos associados mostrou à instituição que há espaço para crescer em volume e qualidade. “O mercado árabe importa mais o café [da espécie] arábica, café rio, mas hoje também vem crescendo com redes de cafeterias e cafés especiais e precisamos estar atentos a todas essas possibilidades. Nós sabemos o que é hoje, mas também as tendências. Existe um mercado muito bom”, pontuou Matos.
Com a persistência da pandemia o plano brasileiro precisou se limitar a ações online. “A pandemia atrapalhou um pouquinho. Nós queríamos ser mais ousados, mas se tudo der certo, quando estivermos todos vacinados, queremos fazer uma interação maior”, ponderou Matos.
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Neste primeiro momento, estão no radar da instituição além das feiras e rodadas de negócios, o contato com produtores árabes de conteúdo especializado em café. “Pretendemos trabalhar com influenciadores e jornalistas do país, para chegar até quem fala de café por lá”, afirmou o diretor, que quer reforçar o tema da sustentabilidade, que vem sendo trabalhado pela instituição pelo menos desde o ano 2000. “Queremos fazer os vídeos [institucionais] em árabe. Essa é uma lição que aprendemos há um tempo, a importância de trabalhar os conteúdos na língua local e não apenas em inglês”, disse.
O envio de amostras é outro ponto crucial para o fechamento de negócios no setor. “O envio do café verde é importante para os clientes porque eles têm a sua própria forma de torrar e moer”, explicou Martos sobre os grãos que são enviados crus para os compradores. O Cecafé articula para o segundo semestre deste ano o envio dos cafés para a Embaixada do Brasil em Riad e outros pontos diplomáticos, para que eles distribuam o produto pelo país do Golfo.
Assim como no projeto de expansão no mercado chinês, o trabalho na Arábia Saudita deve ser novamente realizado em equipe por múltiplos braços do setor, em parceria com entidades como a Associação Brasileira de Cafés Especiais, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
Em março, integrantes da diretoria do Cecafé se reuniram virtualmente com representantes do governo brasileiro para tratar do projeto. Estiveram no encontro o diretor técnico e a secretária-executiva do Cecafé, Eduardo Heron e Isabela Costa. Do lado do governo, falaram executivos como Marcel Moreira Pinto, adido agrícola do Brasil em Riad, e Jean Marcel Fernandes, diretor do Departamento de Promoção Comercial e Investimentos do Mapa.