Marina Sarruf
São Paulo – Empresários sírios que participam da Francal, em São Paulo, estão interessados em representar a fabricante de calçados Azaléia na Síria. Eles são os proprietários das empresas Five Stars, Al Burak e Salha Group, todas sediadas em Damasco. "Estamos estudando a possibilidade de sermos distribuidores da Azaléia na Síria", afirmou o diretor-executivo da Five Stars, Mohammad Kamsheh. Os importadores tiveram seu primeiro contato com companhia a gaúcha ontem (20).
As negociações devem ser finalizadas até sexta-feira (22), último dia da Francal, que é a maior feira de calçados do Brasil. "Gostei muito das sandálias da Azaléia", declarou o diretor do Salha Group, Bachir Salha. Já Kamsheh acrescentou que seria interessante que a fabricante brasileira participasse de uma feira em Damasco, para apresentar os calçados ao mercado sírio.
A Azaléia é uma das maiores fabricantes de calçados do Brasil e está entre as cinco maiores do mundo, com um faturamento de R$ 1 bilhão em 2004 e uma produção de 36 milhões de pares de sapatos por ano.
Com a abertura econômica que o governo sírio promove atualmente, os empresários estão de olho nas oportunidades para importar mais do Brasil. "Atualmente podemos importar qualquer produto dos países árabes sem pagar impostos, mas logo o governo deverá abrir as portas para outros países também", explicou Kamsheh. Segundo ele, a visita dos sírios ao Brasil tem como objetivo estudar o mercado brasileiro, conhecer os produtos e ver preços.
"A primeira vez que vi os sapatos brasileiros foi no Líbano e gostei muito. Pelo que eu estou vendo na feira, os calçados têm uma ótima qualidade e design", afirmou o proprietário da trading Rajab Shoes, Mohamed Hassan. O empresário importa calçados femininos da Turquia e exporta para Arábia Saudita, Jordânia, Líbano e Rússia. "Agora quero importar do Brasil. Principalmente sapatos clássicos de festas, com strass e bordados", completou.
A maioria dos empresários sírios são fabricantes de calçados, porém tem interesse de importar sapatos com design diferente. Um exemplo disso é o diretor geral do grupo Al Burak, Bachor Joumaa, que produz cinco mil pares de chinelos por dia e ainda importa da China, mas quer começar a comprar do Brasil. "Os preços dos calçados brasileiros são mais altos do que os chineses, mas a qualidade justifica", disse. Entre os meses de setembro do ano passado a março deste ano, Joumaa chega a importar da China 250 mil pares de chinelos para homens, mulheres e crianças. A Al Burak conta com 60 funcionários e exporta 80% de sua produção.
Já o Grupo Salha, além do interesse na Azaléia, produz 250 mil pares de sapatos femininos por dia e importa de 5 mil a 6 mil pares de sapatos masculinos a cada dois meses da China e da Turquia. "Exporto 100% dos sapatos femininos e pretendo começar a importar agora do Brasil. Os sapatos brasileiros têm boa qualidade", disse Bashir Salha. A companhia conta com 200 funcionários e exporta para sete países.
Maquinário
Os irmãos Nahhas, da empresa Fouad Nahhas, ficaram muito interessados no maquinário brasileiro para a produção de calçados. "Tenho interesse de comprar uma linha completa de máquinas aqui na feira", afirmou o gerente Ammar Nahhas. Segundo ele, a Fouad Nahhas produz mil sapatos masculinos por dia e exporta 60% para os países árabes. A empresa conta com cinco lojas na cidade de Aleppo, na Síria.