São Paulo – A indústria de defesa aposta no futuro e nos incentivos governamentais para crescer no Brasil e aumentar suas exportações. Dos US$ 2,7 bilhões de receitas anuais do setor, US$ 1 bilhão é exportado. O presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde), Orlando José Ferreira Neto, disse nesta terça-feira (6), durante a apresentação das estimativas para os próximos anos, que em 2020 as exportações deverão somar US$ 4,2 bilhões e, em 2030, US$ 7 bilhões.
Atingir essa meta depende, segundo as projeções da Abimde, de incentivos do governo. "As receitas do setor dependem, praticamente, de compras governamentais e de empresas de segurança", disse Neto. Em setembro, a presidente Dilma Rousseff assinou a medida provisória 544, que isenta o setor de pagar Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), Programa de Integração Social (PIS) e Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Cofins) pelos próximos cinco anos.
Orlando espera que, com a MP 544, o setor possa voltar a crescer e levar o Brasil a ter um peso maior no mercado internacional de produtos de defesa. Para isso, além da MP 544, que regulamenta e ajuda no desenvolvimento da indústria da área, diz, é preciso que o País invista em setores como educação e infraestrutura voltados para o segmento. Para que o setor desenvolva tecnologia é preciso, também, que algumas empresas invistam em projetos de risco, disse Neto. A Abimde estima que em 2020, a receita das empresas do setor seja de US$ 7,7 bilhões e, em 2030, de US$ 11,4 bilhões.
Parte desta receita será obtida com o aumento das exportações. Mas neste segmento exportar exige mais do que ser competitivo. "As vendas dos produtos estão ligadas à geopolítica. É natural que [os produtos brasileiros] tenham projeção na América do Sul e que ganhem mercado na África e em países da Ásia não alinhados [grupo de 118 nações que não se consideram alinhadas a nenhuma potência]. Assim, não podemos esperar grandes vendas para Estados Unidos, Europa e Rússia. Mas em locais onde o Brasil quer ter uma projeção e uma influência maior, como a África, é possível", disse Neto.
No longo prazo os investimentos no setor de defesa e segurança somam US$ 120 bilhões, conforme cálculos da Abimde. No curto prazo, os investimentos somam US$ 40 bilhões e incluem projetos como a licitação FX-2, que prevê a compra de 36 caças. Esta licitação foi suspensa neste ano pela presidente Dilma Rousseff. Também entram neste cálculo de investimentos da Associação o desenvolvimento do Sistema de Vigilância de Fronteira (Sisfon) e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (Sisgaaz).
Segundo Orlando, que também é vice-presidente comercial de Defesa da Embraer, 2011 foi um ano ruim para a área de defesa porque foi atingida pelo contingenciamento de verbas. No entanto, muitos avanços "políticos" foram obtidos. "Acreditamos que em 2012 o setor voltará a crescer", disse Neto.