Geovana Pagel
São Paulo – O Brasil produz instrumentos musicais de alta qualidade, mas apresenta números inexpressivos no mercado mundial, com exportações anuais de apenas US$ 3,5 milhões. Com o objetivo de modificar essa situação, a Associação Nacional dos Fabricantes de Instrumentos Musicais (Anafim) conseguiu firmar com a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) um acordo que beneficiará os fabricantes brasileiros.
Considerando dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil exporta, além dos US$ 3,5 milhões em instrumentos – de percussão, sopro e corda, desse último tipo principalmente violas, violões e cavaquinhos – cerca de US$ 4 milhões em acessórios e produtos de áudio, como microfones e amplificadores. Em contrapartida, importa algo em torno de US$ 60 milhões, geralmente instrumentos eletrônicos.
Isso significa que a balança comercial é deficitária, com as exportações representando pouco mais de 10% do volume de importações.
De acordo com o presidente da Anafim, Alberto Bertolazzi , o projeto deve garantir a prospecção de novos mercados, o fomento da cultura exportadora, a orientação sobre incentivos especiais, o desenvolvimento de marcas, a participação em feiras e a realização de encontros de negócios.
Entre os objetivos está o início do crescimento das exportações que, entre instrumentos e equipamentos, devem gerar receita de aproximadamente US$ 10 milhões já em 2004.
“Exportando, as indústrias conseguirão um melhor aproveitamento da capacidade instalada, redução de custos operacionais e um aumento de rentabilidade, além de aprimoramento de métodos administrativos o organizacionais”, diz o presidente da Anafim.
Segundo ele, o esforço inicial será de consolidar a marca do produto brasileiro no mercado externo, principalmente nos Estado Unidos, Europa e Japão.
Bertollazzi participou, na última semana, da Pacífico Yokohama Trade Center Music Show, realizada no Japão, e diz que o principal foco de 2004 será a presença de empresas brasileiras em feiras internacionais como a de Los Angeles, que acontece em janeiro, e a de Frankfurt, na Alemanha, que ocorre em abril.
O primeiro resultado prático da parceria ente Anafim e Apex é a instalação do primeiro "depósito" de instrumentos brasileiros nos Estados Unidos. A Brazilian Sound Music foi instalada próxima ao aeroporto internacional de Miami e emprega três funcionários. “Agora as empresas esperam melhorar o atendimento, reduzindo o prazo de entrega para um ou dois dias”, explica.
Segundo Bertolazzi, os fabricantes brasileiros poderão manter produtos estocados no local e também profissionais que utilizarão a estrutura disponível para realizar negociações e captar novos compradores.
Certificação
Outro passo importante para a consolidação dos produtos brasileiros no exterior foi a obtenção de reconhecimento formal pelo Inmetro junto ao International Accreditation Fórum (IAF), International Laboratory Co-operatino (Ilaf) e European Co-operation for Accreditation (EA).
O acordo com o Ilaf, por exemplo, firmado em novembro de 2000, possibilitou que os certificados de calibração e relatórios de ensaios realizados em todos os laboratórios credenciados pelo Inmetro passaram a ter reconhecimento internacional, dispensando a repetição dos ensaios nos países compradores.
A única da América Latina
A Hering Harmônicas, sediada em Blumenau, Santa Catarina, há 80 anos produz uma variada linha de gaitas de boca que, desde 1996, são exportadas para mais de 40 países. A produção mensal fica entre 50 e 60 mil gaitas e a receita anual das exportações é de US$ 500 mil.
Os principais importadores da Hering, que é uma das quatro fabricantes de harmônicas do mundo e a única da América Latina, são os Estados Unidos, Europa e Japão.
Hoje existem quatro fábricas de harmônicas no mundo: a Hohner, alemã, a Tombo, japonesa, a Huang, chinesa, e a brasileira Hering.
De acordo com Alberto Bertolazzi, que é um dos principais acionistas de empresa, este ano a Hering lançou uma linha de guitarras que foram expostas na 20.ª Expomusic, em setembro, em São Paulo. “Inicialmente precisamos apresentar o produto para o mercado interno. Depois vamos pensar nas exportações”, comenta.
Bertolazzi acredita que o caminho para conquistar novos parceiros em mercados inexplorados pelo setor, como os países árabes, é manter contato com distribuidores atacadistas da região.
“Os empresários árabes que têm interesse em conhecer os instrumentos e equipamentos brasileiros poderão encontrá-los na feira de Frankfurt, por exemplo”, garante.
Contato
A Associação Nacional dos Fabricantes de Instrumentos Musicais (Anafim)
(+55 47) 338.2455
www.anafim.com.br (site em construção)

