São Paulo – O faturamento da indústria têxtil e de confecção no Brasil chegou a US$ 43 bilhões no ano passado, um aumento de 4% sobre 2007. Os dados foram divulgados ontem (14) pela Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).
De acordo com a entidade, a balança comercial teve déficit recorde no ano passado, de US$ 1,4 bilhão. Se forem considerados apenas os produtos manufaturados, sem contar a fibra de algodão, o saldo negativo sobe para cerca de US$ 2 bilhões, ante pouco mais de US$ 1 bilhão em 2007.
As exportações brasileiras de produtos têxteis e de confecção, sem contar a fibra de algodão, segundo a Abit, renderam US$ 1,725 bilhão em 2008, uma queda de 7% em comparação com o ano anterior. Já as importações somaram US$ 3,776 bilhões, um aumento de 31% em relação a 2007.
De acordo com matéria da Agência Brasil, o presidente da Abit, Agnaldo Diniz Filho, disse, no Rio de Janeiro, que a duplicação do déficit comercial foi causada pela valorização do dólar frente ao real a partir de agosto de 2008, pela maior agressividade dos outros países produtores, pelos custos financeiros, pela carga tributária, entre outros fatores. “Isso tudo faz com que a competitividade diminua. Com isso, você exporta menos", afirmou.
Ele destacou, no entanto, segundo a Agência Brasil, que há grande potencial de crescimento das exportações do setor. De acordo com o executivo, o Brasil vende lá fora somente 0,5% do consumo mundial de têxteis e confecções, apesar de já ter mercados consolidados como América do Sul, Europa e Estados Unidos.
Os maiores mercados do Brasil no ano passado foram Argentina (28%), EUA (21%), México (5%), Paraguai (3,75%) e Chile (3,72%). Os principais produtos embarcados foram tecidos técnicos (26%), tecidos (22%), têxteis para o lar (18,4%), vestuário (14%) e fibras manufaturadas (9,3%).
Norte da África
Segundo a reportagem da Agência Brasil, a indústria vai investir na busca por novos mercados, como os países árabes, do Leste Europeu e da África. Nesse sentido, representantes da Abit vão participar da missão comercial ao Norte da África liderada pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge. A viagem vai ocorrer de 24 a 30 de janeiro e serão visitados Líbia, Argélia, Tunísia e Marrocos.
Na seara interna, de acordo com a Abit, a produção do ramo de vestuário cresceu 4,07% de janeiro a novembro de 2008. O setor têxtil, por sua vez, registrou uma redução de 0,27%. A associação destaca, porém, que de janeiro a outubro o comércio varejista de tecidos e confecções aumentou em 10,29%, o que indica participação importante dos produtos importados no mercado doméstico.
Os maiores fornecedores internacionais do Brasil são China (36%), Índia (12%), Indonésia (7%), EUA (5%) e Argentina (5%). As principais mercadorias importadas são tecidos (25%), vestuário (18%), filamentos (17%), fios (16%) e tecidos técnicos (15%).
Os investimentos realizados pelo setor somaram US$ 1,5 bilhão no ano passado, acima da média anual de US$ 1 bilhão registrada em anos anteriores. A indústria têxtil e de confecções brasileira é a sexta maior do mundo e emprega 1,7 milhão de pessoas, segundo a Abit.

