São Paulo – Três jovens empreendedores descendentes de libaneses encontraram na street food uma maneira de inovar na hora de servir comida árabe no Brasil. O conceito, que se refere a alimentações típicas oferecidas de forma rápida na rua, é o que inspira as atividades do restaurante Falafull, da capital paulista. A marca está presente atualmente em dois shopping centers da capital paulista.
O restaurante foi criado em 2019 pelos filhos de libaneses Kevin Zehil e os irmãos Gabriel (foto acima) e Fuad Nicolas, com a junção das receitas de mães e avós. No entanto, foi observando a street food no Líbano, país visitado todos os anos pelos irmãos Nicolas para ver familiares, que veio o insight para criar a marca. O conceito também é muito popular em outras regiões do mundo, como Estados Unidos, Europa e Ásia.
“Para criar o Falafull me inspirei em várias empresas libanesas. Desde pequenininho vou todo ano para lá e tem vários lugares lindos no Líbano, onde não têm nem lugar para parar e sentar, você só entra, pega o lanche e sai comendo,” conta Gabriel Elias Habib Nicolas, diretor operacional e um dos fundadores do restaurante.
Com duas unidades em shoppings de São Paulo, o Center 3 e o Pátio Higienópolis, até o meio do ano o Falafull espera estar em um terceiro shopping da cidade e até o final de 2024 ter dez unidades. Com investimento inicial de R$ 500 mil, a rede conta com uma cozinha central pronta para atender a demanda de até 10 restaurantes e iniciou a captação via equity crowdfunding, na plataforma do Kria, com o objetivo de levantar R$ 1,8 milhão.
Criação do restaurante e cardápio
Em abril de 2019 o restaurante abriu uma unidade pela primeira vez no shopping Frei Caneca. Mas com a chegada da pandemia, meses depois da inauguração, a loja foi fechada. Para continuar no mercado e manter o sonho vivo, eles passaram a entregar comida, até que em fevereiro de 2021, abriram novamente uma unidade Falafull, desta vez em uma rua da Vila Olímpia, região sul de São Paulo.
“Não tinha muito movimento na rua, mas insistimos e fomos fidelizando o pessoal que passava por lá. Com o tempo, foi chegando mais gente e o negócio estava indo bem, até que precisamos fechar o espaço por conta de outro lockdown. Um tempo depois abrimos de novo, porém, a ideia de ter unidades em shoppings voltou, afinal, o nosso conceito sempre foi street food, algo mais casual, para comer rápido, no estilo bem fast food,” relembra Gabriel.
Um dos fundadores da empresa conta que o valor médio gasto pelos consumidores é de R$ 40, com prato principal, acompanhamento e bebida. No cardápio há alimentos saudáveis, opções veganas, como o falafel, lanches (hambúrgueres e esfihas) e bowls. Esses últimos podem ser montados pelos consumidores com diversas opções de alimentos, entre eles charutos de uva, kibe cru, coalhada seca, homus e tabule.
História da família Nicolas
Formado em Marketing, Gabriel, de 31 anos, conta que seus pais, avós maternos e tios paternos chegaram ao Brasil nos anos de 1980. O estado de Rondônia foi escolhido como primeiro destino da família. Anos depois eles desembarcaram na capital paulista, especificamente na região do Brás, onde abriram um restaurante.
Criado entre 2010 e 2011, o estabelecimento ficou aberto por dois anos. Mas uma doença da avó materna fez com que sua mãe, Wadia Klaime Nicolas, se afastasse da cozinha. Entretanto, a vontade de continuar vendendo comida árabe permaneceu com os irmãos Gabriel e Fuad. Em 2015, eles criaram o ZEIT, catering de comida libanesa. Aberto por quase quatro anos, a empresa entregava pratos árabes na cidade de São Paulo.
Apesar de dar lucro, o ZEIT foi substituído pelo Falufull, depois que Gabriel conheceu Kevin. Com a mesma ideia de negócio, os dois fundaram a marca de comida libanesa. Tempos depois, Fuad se uniu à dupla.
“Em 2018 estava tentando criar uma startup de tecnologia de farmácia e um dos meus sócios comeu nosso sanduíche da ZEIT, gostou e eu contei a ideia para ele, de vender lanches no estilo street food, e ele me contou que tinha um amigo com a mesma ideia. Marcamos um almoço, depois de 30 minutos de conversa com o Kevin, viramos sócios. Inclusive temos histórias de família parecidas, os pais dele vieram para cá há cerca de 30, 40 anos”, relembra Gabriel. “A ideia do Falufull foi o TCC (trabalho de conclusão de curso) do Kevin na Fundação Getulio Vargas. Seis meses depois do nosso primeiro encontro abrimos a empresa.”
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA.