São Paulo – “A análise de dados e o uso da inteligência artificial se tornam cruciais para que se possa ter processos produtivos realmente rastreáveis e que de fato entreguem sustentabilidade animal” disse o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Guy de Capdeville (no telão à direita, na foto acima), durante o painel “Rastreabilidade e confiança – a tecnologia a favor da segurança do alimento halal” no fórum de negócios Global Halal Brazil, nesta terça-feira (07).
Para o diretor, a grande questão da rastreabilidade é como podemos desenvolver soluções cientificamente embasadas que tragam a sustentabilidade tanto no ambiental como em sistemas produtivos. “O importante na nossa visão em termos de desenvolvimentos tecnológicos e rastreabilidade é o que rastrear, não é só o processo produtivo, mas as tecnologias usadas no processo produtivo que vão permitir a rastreabilidade de um alimento seguro”, disse.
O rastreamento da produção animal, segundo Capdeville, pode ser facilitado com a utilização de sistemas integrados de produção, como a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF). “A produção de grãos associada à pastagem, produção animal e de árvores que permitem equilibrar o balanço de emissões desse gado ajudam o produtor e as empresas que comercializam o alimento a trabalharem numa lógica de sustentabilidade e realmente trazerem garantia para o consumidor da sustentabilidade com que o animal é produzido”, disse.
O diretor da Embrapa também trouxe soluções de insumos no processo produtivo com base biológica, como moléculas para o controle de verminosas e antibióticos de fontes renováveis, para garantir mais sustentabilidade ao processo. Segundo ele, no controle das pragas do processo produtivo, como carrapato, são usadas alternativas biológicas para controlar os parasitas. “Nós trazemos soluções de base biológica (bio-based) para se integrarem ao processo produtivo, aumentando ainda mais a sustentabilidade”, disse.
Capdeville contou ainda que a Embrapa tem se aproximado muito dos países árabes, principalmente dos Emirados Árabes e da Arábia Saudita, para desenvolver conjuntamente soluções tecnológicas para que esses países tenham segurança alimentar nos seus próprios territórios. “Estamos falando de produção indoor, produção em áreas desertificadas, e outras iniciativas que poderão contribuir muito com a segurança alimentar e para que possamos entregar um modelo produtivo sustentável para todo o mundo”, concluiu.
Fambras Halal
No mesmo painel, o vice-presidente da Fambras Halal, Ali Zoghbi, apresentou o novo sistema de gestão de certificação halal da certificadora, o SYS Halal. Segundo ele, o sistema possui elementos rígidos de segurança que facilitam os processos de certificação e a comunicação entre a Fambras Halal e seus clientes. “Ele opera com total segurança e transparência. Toda a informação é salva e protegida em nuvens de armazenamento para fácil acesso aos usuários”, disse. O objetivo do novo sistema é facilitar o processo de solicitação de certificados de envio por meio de uma interface intuitiva.
“É um sistema inovador e que vai fazer parte de uma cadeia que irá integrar empresas, acreditadoras, poder público, câmaras de comércio e blockchain”, disse Zoghbi. O sistema considera que o consumidor final leva em conta como o animal é criado, abatido e transportado, segundo o empresário. “Cada certificado tem um token e um QR Code. Com isso, se garante mais rapidez e a rastreabilidade”, concluiu.
Câmara Árabe
O secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, disse no painel que a entidade vem trabalhando em inovação, indústria 4.0 e sustentabilidade nos últimos anos. Ele mencionou a plataforma Ellos e o blockchain da Easy Trade como exemplos dos trabalhos da instituição para reduzir custos e burocracia nas exportações aos árabes. “A plataforma Ellos trabalha com grandes obstáculos que o Brasil sofre nas exportações, o custo, as certificações e o transporte mais caros”, disse Mansour. A plataforma já está sendo utilizada nas exportações à Jordânia.
Participaram do painel o presidente da Seara, João Campos, o CEO da Marfrig, Miguel Gularte e por vídeo, o CEO da BRF, Lorival Luz. O moderador foi o professor doutor Mian Nadeem Riaz, do corpo docente de Diversidade de Alimentos no curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos e diretor na Universidade Texas A&M.
O fórum Global Halal Brazil tem patrocínio da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), BRF, Pantanal Trading, Portonave e Iceport. O evento pode ser acompanhado pelo site do evento ou pelo YouTube da Câmara Árabe. Há tradução simultânea para o português e o inglês.
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Seção Fórum de Negócios Global Halal Brazil
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