São Paulo – O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano em comparação com os três meses anteriores, um resultado considerado “muito bom” pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que concedeu uma entrevista coletiva por telefone a veículos de comunicação internacionais nesta sexta-feira (30), em Brasília. Ele afirmou que o crescimento do PIB foi impulsionado pelos investimentos e previu que essa tendência deverá se acentuar devido às diversas concessões em infraestrutura que serão feitas pelo Brasil.
“O crescimento (do PIB) é de qualidade porque está sendo puxado pelos investimentos, o que já ocorreu no primeiro trimestre, devido à formação de capital fixo”, afirmou o ministro. “O investimento (no Brasil) vai crescer, estimulado pelas novas concessões que serão feitas no decorrer deste ano. O Brasil está colocando mais de US$ 200 bilhões em projetos (de infraestrutura) que serão leiloados até o fim de 2013 ou começo de 2014”, afirmou, em referência a leilões de concessões dos aeroportos do Rio de Janeiro e de Confins, de leilões de poços de petróleo feitos em maio, de energia, em agosto, de 7.500 quilômetros de rodovias previstos para setembro e de parte do sistema ferroviário.
De acordo com os dados do PIB do segundo trimestre de 2013 divulgados na manhã desta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o crescimento de 1,5% do PIB em relação ao primeiro trimestre do ano é o melhor desempenho da economia brasileira deste o primeiro trimestre de 2010, quando o PIB cresceu 2%. No primeiro trimestre deste ano, a alta foi de 0,6%.
Segundo os números do IBGE, entre os setores da economia, a agropecuária registrou um crescimento de 3,9%, a indústria, de 2% e o comércio, de 0,8%. A variação por demanda indica um crescimento de 0,3% no consumo das famílias, de 0,5% nos gastos do governo e de 3,6% nos investimentos. As exportações de bens e serviços tiveram aumento de 6,9% e as importações, de 0,6%. Mantega observou que setores diretamente relacionados à demanda cresceram e impulsionaram o desempenho dos investimentos. É o caso da indústria de extração, que teve alta de 1,2%, da indústria de transformação, com expansão de 1,7%, e do setor de construção civil, que aumentou 3,8%.
Mantega comparou o PIB do Brasil com o dos outros países do grupo de emergentes Brics, formado também por Rússia, Índia, China e África do Sul e disse que desses países apenas a China teve uma expansão de PIB maior no segundo trimestre. “O resultado foi muito bom. Ficamos atrás apenas do PIB da China e, entre os Brics, ficamos em segundo lugar. Enquanto o PIB dos outros emergentes cai, o do Brasil se eleva. Acredito que teremos uma trajetória de crescimento moderada no ano”, disse.
Consumo e inflação
O ministro da Fazenda negou que tenha havido uma mudança de política de crescimento no país, devido ao fato de que, agora, o crescimento do PIB decorre do aumento dos investimentos e, há três anos, era impulsionado pelo consumo das famílias. “Não houve mudança. É a continuação de um modelo de sucesso adotado nos últimos dez anos, no qual o consumo cresceu. Hoje há aproximadamente 100 milhões de potenciais consumidores no País. Daqui para a frente, porém, a locomotiva do crescimento é o investimento em infraestrutura. O consumo crescerá em ritmo menor porque as famílias têm um endividamento maior e o crédito é mais escasso, mas a massa salarial deverá crescer entre 2% e 3% ao ano. Em compensação, estamos direcionando os estímulos para o investimento em infraestrutura”, afirmou Mantega.
O ministro também disse que a redução da inflação deverá permitir um aumento do consumo das famílias. Mantega garantiu que o governo brasileiro está atento à valorização do dólar e agindo para evitar uma grande desvalorização do real. Ele lembrou que a apreciação da moeda norte-americana ocorre em consequência de uma política monetária adotada pelo Fed, o Banco Central dos Estados Unidos, mas observou que o aumento do PIB brasileiro em decorrência dos investimentos deverá fazer o País atrair mais investimentos diretos e aplicações financeiras do exterior. Essas ações podem fazer a cotação do dólar cair.


