São Paulo – O fluxo mundial de investimentos estrangeiros diretos (IED) poderá crescer 5% este ano, em comparação com 2016, para US$ 1,8 trilhão, após um recuo de 2% no ano passado, em relação a 2015, quando havia ficado em US$ 1,75 trilhão, de acordo com o Relatório Mundial de Investimentos 2017, divulgado nesta quarta-feira (07) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
A instituição estima que o fluxo continuará a crescer em 2018, para US$ 1,85 trilhão, mas ressalta que o valor ainda ficará aquém do recorde registrado em 2007, que foi de US$ 1,9 trilhão.
Segundo a Unctad, os Estados Unidos, a China e a Índia deverão ser os principais destinos de IED no futuro próximo. Há de forma geral confiança das empresas nos países em desenvolvimento da Ásia. Para as demais regiões, a entidade avalia que as perspectivas de crescimento são moderadas, com exceção da América Latina e Caribe, para onde não há perspectiva de avanço do fluxo.
O secretário-geral da agência da ONU, Mukhisha Kituyi, disse em nota que há um “otimismo cauteloso” na organização em relação à retomada do crescimento dos investimentos, mas ressaltou que o aumento dos riscos geopolíticos e das incertezas frente a determinadas políticas adotadas por governos pode ter impacto negativo no ritmo desta recuperação.
No ano passado, os Estados Unidos foram o principal destino de IED mais uma vez, seguidos do Reino Unido e da China. O Brasil ficou na sétima posição, uma acima da que estava em 2015, apesar do fluxo de investimentos no País ter caído de US$ 64 bilhões em 2015 para US$ 59 bilhões em 2016.
A aqueda do fluxo mundial no ano passado ocorreu em função do fraco crescimento econômico e de uma significativa percepção de risco por parte de empresas multinacionais. Isso afetou principalmente a injeção de recursos em nações em desenvolvimento, que caiu 14% em comparação com 2015, para US$ 646 bilhões.
Do outro lado, caiu também a emissão de investimentos por parte de países desenvolvidos, em 11%, para US$ 1 trilhão, principalmente por parte de companhias multinacionais de origem europeia. Nesse cenário, os EUA permaneceram como principais emissores, mas a China passou a ocupar a segunda colocação pela primeira vez.
A Unctad destacou também que pela primeira vez o fluxo de investimentos para o G20, grupo das 20 maiores economias do mundo, passou de US$ 1 trilhão.
Regiões
Na América Latina e Caribe, o ingresso de investimentos externos recuou pelo quinto ano consecutivo. Houve uma queda de 14% em 2016, em relação a 2015, para US$ 142 bilhões. O Brasil, maior receptor da região, registrou um declínio de 9% na mesma comparação. A queda ocorreu principalmente no setor de serviços.
Para 2017, as perspectivas para a América Latina não são boas. Segundo a Unctad, o crescimento econômico da região deverá permanecer muito abaixo das médias observadas no passado, quando o fluxo de IED estava em franco crescimento. Os investimentos deverão ficar em baixa especialmente no setor de mineração.
No Norte da África, o fluxo de IED cresceu 11% em 2016, sobre 2015, para US$ 14,5 bilhões. O desempenho foi puxado principalmente pelo Egito, que atraiu US$ 8,1 bilhões, um aumento de 17% na mesma comparação. Isso ocorreu principalmente em função de descobertas de gás feitas por companhias estrangeiras no país árabe.
No Oriente Médio, os investimentos caíram 2% no ano passado, em relação ao ano anterior, para US$ 28 bilhões, em função do baixo preço do petróleo. A Unctad ressalta que na Arábia Saudita houve um recuo de 8%.


