Da redação*
São Paulo –Nos próximos cinco anos o Catar deverá investir US$ 130 bilhões nos ramos de energia, infra-estrutura, industrialização, serviços e aviação. A informação é do site árabe de notícias Al Bawaba. Segundo reportagem publicada no site, o governo do país colocou em prática, já na década de 1990, um plano de desenvolvimento que alia abertura e diversificação econômica, reformas institucionais e democráticas.
A estratégia foi auxiliada pelo aumento do preço do petróleo e do interesse dos investidores pelo país, o que deve garantir desenvolvimento sustentável durante os próximos cinco anos. De acordo com um relatório do Banco Internacional do Catar (IBQ), o Produto Interno Bruto (PIB) do país apresentou crescimento nominal de 24% em 2006. Nos últimos três anos, a média anual foi de 30%.
Segundo o Al Bawaba, o crescimento real da economia também foi sólido, embora a taxa de inflação tenha ficado em 11,8% em 2006. A inflação, de acordo com o estudo do IBQ, feito em parceria com o Banco Nacional do Kuwait, foi impulsionada pelo aumento dos aluguéis e por uma política fiscal expansionista.
O governo quer desenvolver o setor privado para criar empregos para os cidadãos do país, que trabalham principalmente nos serviços públicos. Para tanto, o Catar está promovendo investimentos na indústria do turismo, na realização de eventos esportivos e no setor de energia.
Outro setor que está recebendo grande volume de capital é o financeiro. Para fortalecer este mercado, o governo do país decidiu criar o Centro Financeiro do Catar (QFC). A meta do QFC é atrair instituições financeiras internacionais.
As riquezas do Catar são suas grandes reservas de gás natural, que equivalem a 15% das reservas mundiais. Investimentos pesados no setor e uma rápida expansão das exportações de gás fizeram a economia crescer nos últimos cinco anos. O Catar exportou 25 milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) em 2006, o dobro de 2002, fazendo do país o quarto maior exportador mundial da commodity.
O gás seco também está crescendo como gerador de receitas estrangeiras, sendo exportado para os Emirados Árabes Unidos por meio do gasoduto Dolphin. Este ano o país também deve começar a operar no setor de GTL, no qual combustíveis líquidos são extraídos do gás.
O setor de petróleo e gás responde por 60% das receitas de exportações do Catar. Em 2006, as receitas petrolíferas e de gás do país superaram US$ 20 bilhões, apesar de menor produção e das quedas nos preços petrolíferos no segundo semestre.
O ganho neste setor, no entanto, tem ajudado o país a acumular reservas. Ao final de 2006, as reservas em moeda estrangeira do Banco Central do Catar (QCB) alcançaram US$ 5,4 bilhões, enquanto os saldos em conta corrente e fiscal do país nos últimos cinco anos alcançaram US$ 30 bilhões e US$ 10 bilhões, respectivamente.
Esta riqueza acumulada está sendo aplicada na redução da dependência no petróleo, sempre segundo a reportagem do Al Bawaba. Há dois anos o governo do país criou a Qatar Investment Authority, para administrar os recursos e gerar receitas mais diversificadas através de aquisições internacionais. O Catar entrou neste ramo recentemente, bem depois de outros países do Golfo, como Arábia Saudita e Emirados, mas está correndo atrás do tempo perdido. Estima-se que o país já tenha US$ 70 bilhões em ativos estrangeiros.
A dívida externa do Catar também está caindo em relação ao PIB, de 58,3% em 2003 para 40,8% em 2006, segundo estimativas do Banco Mundial. O país também vem ganhando credibilidade perante as agências de classificação de risco internacionais.
Segundo o IBQ, o Catar ainda corre o risco de sofrer com uma queda forte nos preços petrolíferos. Entretanto, as contas atuais do país permitiriam um sofrimento menor do que em outros países do Golfo. Além disso, seus contratos de exportação de gás natural são de longa duração.
Outro risco está na volatilidade das bolsas de valores. No início de 2006, a bolsa do Catar caiu aproximadamente 23% em dois meses. No entanto, os efeitos na economia do país foram mínimos e a bolsa já acumula crescimento de 8% este ano.
*Tradução de Mark Ament e Gabriel Pomerancblum

