São Paulo – Países emergentes serão os principais compradores de carne nos próximos anos. Essa é a expectativa do maior grupo do mundo de processamento de proteína animal, o brasileiro JBS, que apresentou seus resultados de 2010 nesta quinta-feira (24), em São Paulo.
De acordo com o presidente da companhia, Wesley Batista, os países árabes serão protagonistas no consumo mundial de carne. "Os países árabes serão um mercado importante para a carne brasileira, porque têm crescimento de renda e poder aquisitivo maior proporcionado pela alta do petróleo", afirmou.
Prova disso é o aumento do consumo registrado pela empresa nos últimos dez anos. Segundo a JBS, o consumo de carne bovina no Oriente Médio cresceu 41,4% nos últimos dez anos. Na África, o aumento foi de 70,2% e, na América Latina, de 32,2%. Já nos países da União Europeia, o crescimento foi de aproximadamente 3% no mesmo período, pois o mercado já está consolidado.
Nem as revoltas no mundo árabe ameaçam o comércio, na avaliação de Wesley. "Não exportamos para Líbia. A Arábia Saudita, que é o maior comprador, está com a situação controlada. No Egito, a situação também está aparentemente sob controle."
Wesley afirmou, contudo, que a empresa não prevê ampliar suas operações na África ou Oriente Médio neste ano. A JBS já atua no Egito, na Argélia e tem um representante em Dubai. A empresa planeja aumentar sua participação por meio das instalações que já possui, com crescimento nas exportações e vendas.
O mundo árabe não está sozinho nesta estratégia. Após comprar empresas nos últimos anos, a JBS pretende, agora, crescer e aumentar a rentabilidade. A companhia prevê faturar US$ 40 bilhões em 2011. "Estamos focados em colher frutos. Olhamos penas para empresas que tenham marca, produto agregado e que possam aumentar nossas margens", afirmou, em relação a processos de aquisição.
Em 2010, a JBS teve receita de R$ 55 bilhões, 57,7% maior do que a receita de 2009, de R$ 34,9 bilhões. O lucro, no entanto, ficou em R$ 196,1 milhões, ante R$ 220 milhões em 2009, porque a empresa teve gastos com a reestruturação após a incorporação do frigorífico Bertin e pagamento de prêmios sobre debêntures de curto prazo que foram trocadas por papéis com vencimento mais longo.
Um terço da dívida da companhia tem vencimento no curto prazo e o restante, no longo prazo. Wesley disse que 67% da dívida está nas mãos de bancos, 28% no mercado de capitais e 5% com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O valor de mercado do grupo é de US$ 10 bilhões.