São Paulo – As joias são uma paixão na família saudita Farsi há mais de um século, contou Nasser Farsi (foto acima), de 34 anos, que está na administração dos negócios da empresa. A Farsi é uma das marcas de joias mais antigas da Arábia Saudita, nascida em 1907, e se mantém ao longo dos anos mesclando o clássico aos novos estilos buscados pelo consumidor.
Em entrevista ao jornal Arab News, Nasser contou a história da empresa. A Farsi foi estabelecida pelo bisavó de Nasser, Mohamed Farsi, com todas as etapas do processo de fabricação e um toque local. Nasser é a quarta geração no negócio. O avô e o pai também trabalharam como joalheiros.
As novas tecnologias e as mudanças nas demandas dos clientes fizeram a marca se adaptar, porém, e o que o pai de Nasser fazia, que era o melhor para a sua época, nos anos 1970, o filho não aplica mais hoje. “Todo negócio precisa se adaptar ao longo dos anos”, disse.
Nasser aprendeu o ofício com família, mas também aprendeu com alguns dos melhores gemologistas do mundo. Também estudou Finanças e fez mestrado na área nos Estados Unidos. “Eu queria ter habilidades gerenciais para ser o joalheiro e aquele que opera o negócio”, disse ele. Quando menor, Nasser tinha que pagar trabalhando por tudo o que queria. Agora que herdou o negócio da família, Farsi quer deixar sua marca.
As pérolas eram o principal insumo da marca nos seus primeiros tempos. Depois foram incluídos os diamantes e passaram a ser usadas técnicas de metalurgia mais finas, com a possibilidade de criação de designs leves e delicados, preferidos pelos clientes atualmente. As peças em ouro mais pesadas foram caindo em desuso.
Apesar das mudanças no gosto do consumidor e na técnica, Nasser busca manter o espírito e a essência do design tradicional árabe. Em 2015 ele lançou a sua própria coleção, a Nasser Farsi, voltada principalmente para o mercado de joias masculinas. “Começou como um hobby”, disse ele.
Ele transforma caligrafia árabe em joias e faz peças como pulseiras masculinas. Nasser também desenha joias para mulheres, mas afirma que encontrou na joalheria masculina uma lacuna de mercado. Ele se preocupa com a atemporalidade das peças. “Nos preocupamos com a qualidade das pedras e o valor das peças em vez de propor um design simples que pode não ter valor em alguns anos”, afirmou.
Nasser abraçou um pouco do velho e do novo, mantendo os clássicos vivos enquanto explora as possiblidades criativas abertas pelas mudanças. O mercado se tornou competitivo, com muitos novos designers e linhas, e diante disso ser uma marca antiga e confiável apoia os negócios.
As medidas de isolamento em função do coronavírus forçaram o fechamento de lojas na Arábia Saudita e as celebrações de casamento foram canceladas. Com isso diminui a demanda por joias. A empresa teve que se adaptar. “Ainda não está estável, mas estamos preparados para o pior e trabalhando para o melhor. Espero passar isso para meus filhos”, disse.