Geovana Pagel
São Paulo – O setor joalheiro no Brasil, que emprega atualmente cerca de 350 mil pessoas, vive um momento de grande expectativa de ampliação de negócios. No ano passado, o segmento de gemas e metais preciosos movimentou em exportações cerca de US$ 700 milhões, com crescimento de 5% sobre o resultado do ano anterior. A meta é chegar em 2006 exportando US$ 1 bilhão. De olho em novos mercados, o setor tem na mira diversos países árabes.
“Nos últimos três anos os brasileiros participaram das feiras internacionais de jóias em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos”, diz Edmundo Calhau, diretor de desenvolvimento do Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos (IBGM).
De acordo com Calhau, o pavilhão foi constituído por jóias de ouro e obras de artefato de pedra, muitos ainda como espécies minerais e sem lapidação, normalmente utilizados como decoração. “Os árabes gostam muito de falcões e de cavalos e fizeram várias encomendas, principalmente de falcões pretos produzidos com pedra de absinto”, conta.
Segundo ele, os árabes preferem as jóias feitas com ouro puro, no máximo com diamantes. “Não costumam usar muita pedra colorida. Eles conhecem mais as safiras e rubis por serem pedras orientais”, explica. “Também estão acostumados a comprar muita jóia por peso, produzidas em grandes volumes, em máquinas, o que acaba reduzindo o custo”.
Já a jóia brasileira é feita manualmente, com cuidado no design e com pedras preciosas que muitas vezes são o que tornam a jóia mais cara. “É justamente este diferencial que nós temos de apresentar e manter”.
“Para a empresa conquistar novos mercados precisa persistir”, explica, ressaltando que algumas empresas não venderam na primeira feira que participaram em Dubai, o que é perfeitamente normal. “Nem sempre o primeiro contato garante o fechamento de contratos”.
Hoje no Brasil existem 9 consórcios formados por empresas do setor que buscam incentivar as exportações. “São 4 de jóias (2 em São Paulo e 2 em Minas Gerais), 1 de artefatos de pedra (Rio Grande do Sul) e 4 de foleados de metais preciosos (3 em São Paulo e 1 no Rio Grande do Sul)”, conta Calhau.
Segundo ele, o setor também teve algumas iniciativas isoladas no mercado de Bahrein, como a fabricante Vancoux, de Belo Horizonte que, pelo terceiro ano consecutivo, estará presente na feira que acontece de 14 a 18 de outubro.
“Este trabalho em Bahrein, que surgiu em função da iniciativa de duas empresas, motivou a solicitação de inclusão do país no calendário de feiras do setor”.
Sobre o IBGM
Criado em 1977, o Instituto Brasileiro de Gemas e Metais Preciosos é uma entidade nacional, sem fins lucrativos, com sede em Brasília, representando toda a cadeia produtiva, da mineração, passando pela lapidação e fundição até o produto final: artefatos de pedras, folheados de metais preciosos e jóias, tanto da indústria quanto do comércio.
Hoje, são associadas ao instituto 48 das mais representativas empresas, localizadas em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, Goiás, e Amazonas, além de diversas entidades de classe estaduais, ligadas ao setor de pedras preciosas, jóias, bijuterias, metais preciosos e afins.
O IBGM funciona como uma confederação, prestando apoio técnico e institucional às empresas e às associações e aos sindicatos estaduais, na busca do fortalecimento do setor.
A entidade é a interlocutora do setor perante o governo e o Congresso Nacional e representa o Brasil na Confederação Internacional da Bijuteria, Joalheria, Ourivesaria, Diamante, Pérolas e Pedras (CIBJO), atualmente com sede na Itália.
A marca brasileira
Fato que merece destaque, também, é o avanço do Programa de Exportação desenvolvido em parceria pelo IBGM e pela Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex). Atualmente integrando o esforço exportador de cerca de 210 empresas, a maioria de pequeno porte, a iniciativa possibilita que elas conquistem visibilidade internacional.
Por meio do Programa de Apoio às Exportações, o Brasil tem participado das principais feiras de gema e jóias no exterior. O produto brasileiro ganha destaque com as empresas que representam o país de forma isolada ou nos pavilhões específicos que têm a marca nacional como grande
bandeira.
Em agosto, a 37.ª edição da maior feira do setor da América Latina, realizada em São Paulo, fechou negócios da ordem de R$ 100 milhões. O evento contou com mais de 150 expositores, que apresentaram os últimos lançamentos em jóias brasileiras, consideradas as mais leves, ousadas e criativas do mercado internacional.
Números do setor joalheiro
Em todo o país, existem cerca de 1300 indústrias, incluindo lapidação de pedras (350), empresas de folheados de metais preciosos (450) e fabricantes de jóias de ouro e prata (500). O comércio de jóias é constituído por mais de 16 mil estabelecimentos. Toda a cadeia produtiva gera mais de 350 mil empregos diretos.