Amã – A antiga cidade de Petra é a mais famosa atração turística da Jordânia, mas com certeza não é a única. O país, espremido entre a Arábia Saudita, Iraque, Síria, Israel e os Territórios Palestinos, e com apenas uma pequena saída para o Mar Vermelho, guarda surpresas para todos os tipos de visitantes, desde amantes de sítios históricos, passando por peregrinos em busca de locais sagrados, até quem busca tratamentos de beleza.
A começar por Amã, que surpreende quem pretende encontrar uma cidade árabe tradicional, como o Cairo ou Damasco. A capital jordaniana é moderna, apesar da presença humana na área ser bastante antiga. A topografia montanhosa garante belas vistas a partir dos pontos mais altos.
O monumento mais vistoso de Amã é um teatro romano encravado num morro bem no centro da cidade. Construída no século 2 d.C., a estrutura com capacidade para seis mil expectadores fazia parte do núcleo da antiga Filadélfia, nome dado pelos governantes gregos do Egito – a dinastia ptolomaica – quando dominaram a região no século 3 a.C.
Além do teatro restaurado, o sítio conta com um teatro menor, para 500 pessoas, o Odeon, e uma fileira de colunas do que restou do fórum romano. Nas laterais do teatro há dois pequenos museus que exibem objetos típicos da Jordânia, especialmente artefatos produzidos por beduínos, que têm forte presença no país.
Numa colina logo em frente ao teatro romano fica a cidadela, local habitado por diferentes civilizações desde a Idade do Bronze. É possível avistar algumas das estruturas de vários pontos de Amã, como as ruínas de um templo romano dedicado a Hércules, pois o morro é o mais alto da capital. A cidadela é o sítio da cidade bíblica de Rabbath-Ammon, do povo amonita.
Batismo
Lugares citados nas escrituras não faltam na Jordânia, que divide com Israel e a Palestina a chamada Terra Santa. Próximo a Amã, por exemplo, fica Betânia, além do Rio Jordão, local onde, segundo o Novo Testamento, Jesus Cristo foi batizado por João Batista.
Trata-se de um ponto turístico e de peregrinação relativamente novo, já que é muito próximo da fronteira da Jordânia com Israel e os Territórios Palestinos. De acordo com o engenheiro Rustom Mkhjian, diretor assistente da comissão responsável pelo sítio, antes do acordo de paz entre Jordânia e Israel, em 1994, o local era uma zona militar e para ser aberto aos visitantes foi necessária a retirada de minas terrestres.
Hoje, segundo Mkhjian, que serviu de guia ao Papa João Paulo II quando ele esteve no lugar no ano 2000, a idéia é manter o sítio “o mais natural possível” para que relembre o ambiente da época do Cristo. Antigas ruínas marcam o local do batismo. Atualmente o terreno está seco, mas na antiguidade o Rio Jordão chegava até ali.
Para se chegar ao rio propriamente dito é preciso caminhar um pouco mais a oeste. O Jordão da atualidade é bem mais estreito do que nos tempos de Jesus devido à construção de barragens e projetos de irrigação. Só para se ter uma idéia, o volume de água que o rio fornece ao Mar Morto, mais ao sul, hoje não é suficiente para compensar o ritmo de evaporação.
Apesar de menor, o Jordão recebe muita gente em busca de benção nas suas águas. Para ter o serviço completo, porém, é preciso levar um padre ou dar a sorte de encontrar um durante o passeio. No sítio de Betânia há uma estrutura de madeira que dá acesso ao rio. Do outro lado, bem pertinho, já está a Cisjordânia.
O que Moisés viu
Outro ponto bastante visitado na região é o Monte Nebo, onde, de acordo com o Antigo Testamento, Moisés avistou pela primeira vez a Terra Prometida. As vistas do alto da montanha são realmente espetaculares e, no lado oeste, uma placa aponta a direção do Mar Morto, Rio Jordão, Jerusalém e Jericó. Embora tudo fique muito perto dali, é preciso dar sorte para conseguir enxergar, pois no clima árido do lugar é comum uma névoa encobrir o horizonte.
No monte existem as ruínas de uma igreja bizantina construída em memória de Moisés. Pouco sobrou em pé, mas os mosaicos que recobriam o piso estão em razoável estado de conservação. O templo está fechado para a restauração, mas pelo menos parte dos mosaicos pode ser vista sob uma tenda armada ao lado.
Os mosaicos são um símbolo da região, que concentrava um grande número de igrejas bizantinas. A cidade de Madaba é o principal pólo dessa arte. Um dos exemplos mais famosos está na igreja de São Jorge e consiste num mapa da Terra Santa feito de mosaicos em 560 d.C. Como as inscrições são em grego, é bom ter em mãos um guia para conseguir identificar os diferentes pontos.
Morto, mas (ainda) não seco
Mais ao sul, mas não muito longe, está o Mar Morto, conhecido por seu alto grau de salinidade, o que faz com que as pessoas bóiem em suas águas.
Atualmente, no lado jordaniano, vários hotéis e resorts estão sendo construídos e, para resolver o problema da rápida evaporação, que ameaça a existência desse lado salgado, está em estudo a realização de obras para abastecê-lo com água do Mar Vermelho, bem mais ao sul.
Mais do que um balneário, o Mar Morto é fonte de matérias-primas para as indústrias de fertilizantes e de cosméticos. São famosos no país os produtos para pele e cabelos fabricados com sais e lama do Mar Morto. Ele marca também o ponto mais baixo da terra, a 400 metros abaixo do nível do mar.
Leia mais sobre a Terra Santa e a Jordânia entre hoje e amanhã na ANBA.

