São Paulo – O grupo hoteleiro Jumeirah, com sede em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, planeja uma forte expansão internacional nos próximos anos. De acordo com seu vice-presidente de Comunicação Corporativa e Relações Públicas, Piers Schreiber, a companhia pretende ampliar o número de hotéis que administra de 12 para 60 até 2012. Boa parte dos projetos em andamento é em países emergentes, seguindo perspectivas do setor.
“De acordo com especialistas em hotelaria, as indústrias de viagens e hotéis estão crescendo rapidamente em vários países emergentes”, disse Schreiber à ANBA por e-mail. “Nós podemos estimar em 5% o crescimento anual do número de quartos nos BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China), em certos países do Sudoeste Asiático, nas nações do Golfo, do Norte da África e da Costa Oeste da África, em comparação com 2% a 3% [de crescimento] em mercados mais maduros (Estados Unidos, Reino Unido, França e Japão)”, acrescentou.
Nesse sentido, o executivo afirmou que há interesse da empresa na América do Sul, incluindo o Brasil. “A América do Sul é uma região de importância estratégica para o Grupo Jumeirah”, declarou. “A companhia está permanentemente discutindo com terceiros potenciais acordos de administração hoteleira, inclusive no Brasil”, destacou.
No entanto, o único projeto previsto para a região no momento é o Jumeirah Culu Culu Polo Resort, na Argentina. O grupo só gerencia os hotéis, não constrói os empreendimentos, que são de terceiros.
E os incorporadores, de acordo com Schreiber, têm mostrado especial interesse no Oriente Médio e na Ásia. Ele informou que, no mundo árabe, 455 hotéis estão em construção atualmente, totalizando 125 mil quartos. Só em Dubai, mais de 32 mil quartos devem ser entregues, sendo que mais de 17 mil já estão em construção.
“Em termos de demanda, nós vimos as taxas de ocupação se estabilizarem em 2009 e esperamos que em 2011 haja uma recuperação mais forte e sustentável”, disse o executivo. “No caso do Conselho de Cooperação do Golfo (Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã), a oferta de hotéis de luxo e de alto padrão continuou a crescer mesmo durante a recessão”, afirmou.
Ele destacou, no entanto, que nos próximos 10 anos o desenvolvimento do setor na região deve diminuir, pois ela deixará de ser emergente para se tornar um mercado maduro para o turismo.
Hoje nove hotéis administrados pelo grupo Jumeirah ficam em Dubai, incluindo os cartões postais Burj Al Arab, Jumeirah Beach e Madinat Jumeirah. A empresa ainda gerencia dois empreendimentos em Londres e um em Nova York.
Os lançamentos futuros incluem empreendimentos nos Emirados, Jordânia, Catar, Omã, Kuwait, Bahrein, Egito, Marrocos, Indonésia, Maldivas, Tailândia, China, Panamá, Espanha, Inglaterra, Escócia, Alemanha, Ilhas Virgens, além da Argentina.
Além da bandeira de hotéis e resorts de luxo, o grupo gerencia flats, restaurantes, spas, um parque aquático e uma academia de hotelaria. Este ano, a empresa lançou uma nova marca de hotéis, a VENU, cujo primeiro projeto fica em Xangai, na China. O Grupo Jumeirah foi fundado em 1997 e hoje faz parte da Dubai Holding, conglomerado de empresas pertencente ao emirado. Jumeirah é o nome de um bairro a beira mar em Dubai onde hoje estão os empreendimentos mais conhecidos da rede.
Outras redes
O boom do setor que o mundo árabe vive tem sido bem aproveitado pelas empresas regionais. Além do Jumeirah, outros grupos, como o Rotana, de Abu Dhabi, também nos Emirados, têm forte presença no Oriente Médio e Norte da África.
O Rotana foi fundado em 1992, tem sob sua administração 70 empreendimentos nas duas regiões, segundo informações de seu website, e diversos lançamentos anunciados para os próximos anos.
Empresas árabes atuam pesado também na área de investimentos em hotelaria. É o caso da Kingdon Hotel Investments (KHI), subsidiária da Kingdon Holding, conglomerado comandado pelo príncipe saudita Alwaleed Bin Talal, um dos homens mais ricos do mundo.
Sua companhia tem, por exemplo, 47,5% da administradora de hotéis de luxo Four Seasons, com sede no Canadá. Segundo informações da agência Dow Jones, a KHI tem participações em 22 hotéis e resorts em operação e mais quatro em construção. Na quarta-feira (01), o grupo anunciou a venda de uma unidade Four Seasons no Cairo por US$ 145 milhões a uma empresa egípcia. O hotel permanecerá, no entanto, sob administração da bandeira canadense.

