Em Roma e Milão, as duas maiores cidades da Itália, os lugares que vendem kebab proliferam. Muitos bares, fornos, rotisserias ou pizzarias onde se vende pizza por peso – a cada esquina, portanto -, é fácil encontrar a placa "Pizza e Kebab". O prato rápido, feito para ser devorado no balcão, foi trazido aqui pelos imigrantes marroquinos e, segundo os italianos, não concorre com a pizza, mas tira clientes do Big Mac, como está provando a rede de franquia Shockabab (http://www.shockabab.com) comandada pelo palestino Naser Ghazal. A cadeia de restaurantes fast food, que tem o logotipo de um camelo de óculos, é uma das que contabilizam bons números nos últimos anos, apesar da crise econômica que vem atropelando a Itália e de sua história recente no país – nasceu em 2001.
Espírito empreendedor
Apaixonado por Roma, o palestino Ghazal veio da Cisjordânia para Itália em 1983 estudar Marketing do Turismo. Sem muito dinheiro no bolso para se manter e decidido a ficar, começou a trabalhar em restaurantes. Lavava pratos na cozinha ou servia mesas, como garçon. O trabalho despertou seu interesse pela culinária. Dotado do espírito empreendedor árabe, Ghazal, mesmo sendo imigrante, conseguiu um empréstimo bancário e abriu seu primeiro restaurante em Roma. Mas não ficou na cidade por muito tempo. Uma viagem ao Veneto, região de onde partiu boa parte dos imigrantes italianos que estão no Brasil, no interior de São Paulo, principalmente, fez Ghazal mudar de ideia. Voltou a Roma, preparou as malas e foi para Treviso. Abriu seu primeiro kebab point em 2001, em Mestre, cidade vizinha a Veneza.
Expansão
No começo, o lugar era frequentado somente por imigrantes àrabes e romenos, mas logo os italianos provaram e aprovaram os novos sabores propostos por Ghazal. Atualmente, o Schockabab possui quatro locais próprios e 38 franquias na Itália – quase todas nas mãos de empreendedores italianos. Estão no Norte, Centro e Sul da Itália, como a Calábria. São cerca de 400 postos de trabalho em toda a rede. Expandir a marca, levando o Schockabab para Espanha, Marrocos e Romênia, por exemplo, está nos planos futuros de Ghazal.
Os árabes em Fabriano
Em Fabriano, na Itália, um museu conta a história da chegada do papel no país e, posteriormente, de lá para toda a Europa. É o Museo della Carta e da Filigrama (www.museodellacarta.com). A fabricação do papel foi descoberta pelos chineses e mantida em segredo por muito tempo até que os japoneses e os coreanos também se apossaram da técnica. Mas foram os árabes que aprenderam com os chineses e trouxeram a grande novidade, primeiro para o Oriente Médio e depois para Fabriano, no século VII. A cidade possuía características importantes para a produção como água abundante, necessária para as máquinas da época, e também a localização, no centro da Itália.
Referência mundial
Na cidade, os árabes formaram os primeiros mestres na produção de papel da Europa, a base usada era o linho, e Fabriano logo se tornou referência mundial na fabricação do produto, com, pelo menos, quatro plantas importantes. De Fabriano saíram papéis moeda e antigos títulos bancários até para o Brasil. As máquinas de Fabriano também produziram papéis especiais para o pintor Michelangelo. Com o término da Segunda Guerra Mundial, a cidade, assim como toda a Itália, entrou em crise e algumas fábricas fecharam as portas, restou a Cartieira Milani, fundada em 1782. Em 2002, a Cartieira passou a fazer parte do Gruppo Fedrigoni. Continua produzindo papéis e títulos bancários, papéis especiais para desenho técnico e artístico e para serviços editoriais. Mas a maior parte da produção é para uso comum, em escritórios.