São Paulo – Os trâmites para efetivar a abertura do mercado do Kuwait à carne bovina, de ovinos e de caprinos do Brasil foram definidos. Apesar do mercado estar aberto desde fevereiro, corria a negociação para que o país árabe oficializasse que iria aceitar embarques vindos dos estabelecimentos já habilitados pelo Serviço de Inspeção Federal do Brasil.
Além deste entendimento, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) aguardava também a definição dos requisitos do Certificado Sanitário Internacional (CSI) que as empresas precisam cumprir para exportar, conforme informou à ANBA, ainda em fevereiro, o secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, Flávio Campestrin Bettarello.
Os requisitos foram oficializados em 25 de março. Entre eles, consta a exigência de que os animais tenham sido “abatidos em um abatedouro aprovado e sob a supervisão da autoridade competente do país de exportação, e aprovado pelas autoridades do CCG”. O CCG é o Conselho de Cooperação do Golfo.
Segundo o Mapa, os requisitos já estão publicados no sistema on-line vinculado ao Dipoa, responsável por assegurar a qualidade de produtos de origem animal comestíveis e não comestíveis destinados ao mercado interno e externo, bem como de produtos importados. O embaixador do Brasil no Kuwait, Norton Rapesta, confirmou à ANBA que a questão está resolvida.
O Kuwait não tem lista própria para habilitação de plantas dos países que compra e, por isso, seguirá a lista de estabelecimentos habilitados pelo governo brasileiro que atendam aos seus requisitos. Para as empresas brasileiras se abre é um mercado que importa US$ 200 milhões, anualmente, em carne bovina.
Para o secretário, o mercado do país pode até não se equiparar em volume a gigantes como a China, mas tem outra vantagem. “O Kuwait se insere dentro daquela nossa política, que já foi muito divulgada pela ministra Tereza Cristina, de diversificação de destinos. Quanto mais destinos podemos acessar, isso nos permite mais eficiência e controle na volatilidade. Por demanda e preço, é muito importante essa diversificação”, explicou.
Outro ponto a favor do país árabe é o destaque que sua região vem ganhando. “O Kuwait se insere dentro de um dos motores de aumento de consumo de proteína, que é o Oriente Médio. O primeiro destes motores é a Ásia, puxado pela China e o Sudeste Asiático. Logo em seguida, o grande motor desse consumo é o Oriente Médio”, destacou o executivo.
Para entender o tamanho da fatia que o Brasil pode disputar, Bettarello compara o potencial nacional com o norte-americano. “Países como os Estados Unidos, que têm competitividade parecida, exportam entre US$ 20 milhões e US$ 21 milhões ao ano para o Kuwait. Mas isso não é para agora, claro. Não basta o mercado estar aberto, tem toda a promoção do produto. Tem que colocar o produto lá”, disse o secretário. Ele acredita que estar no mercado do Kuwait é estratégico. “Tem importância pela diversificação e para consolidar a nossa presença nessa região, que é muito importante, e no Norte da África. É sempre bom consolidar o mercado que tenha exigência, porque é um reconhecimento para o nosso produto”, explicou o secretário.
Segundo empresas do setor, o Brasil embarcava de 4 a 5 mil toneladas ao Kuwait até 2013, antes do produto ser barrado no país, e, como um todo, o Kuwait atualmente compra 40 mil toneladas por ano. O mercado kuwaitiano foi fechado para a carne bovina brasileira em 2013, em função do caso atípico de encefalopatia espongiforme bovina, o mal da vaca louca, ocorrido no Paraná.
O embargo foi levantado em 2015, mas as exportações não foram liberadas porque estavam em andamento as tratativas de certificações e documentos. A abertura do mercado foi um dos temas que a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, tratou com autoridades do Kuwait em sua visita ao país no segundo semestre do ano passado.