Cidade do Kuwait – O Kuwait anunciou nesta quarta-feira (15) uma doação de US$ 500 milhões em ajuda aos afetados pelo conflito civil na Síria. O repasse da quantia para agências das Nações Unidas e outras entidades de assistência humanitária foi divulgado pelo emir do país do Golfo, Sabah Ahmad Al Jaber Al Sabah, na abertura da 2ª Conferência Internacional de Doação Humanitária para a Síria, na capital kuwaitiana.
“Eu peço a vocês, a todos os países e organizações internacionais que ofereçam apoio e assistência aos nossos irmãos sírios”, afirmou o emir. Na primeira conferência do gênero, realizada no início do ano passado, também na Cidade do Kuwait, o governo do país anunciou a doação de US$ 300 milhões.
O objetivo do evento é mobilizar a comunidade internacional a doar recursos para aliviar a crise humanitária na Síria. O Secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que preside a conferência, disse estar “especialmente preocupado com relatos [de pessoas passando] fome” e com o uso pelos lados opostos do conflito “de violência contra mulheres e meninas para degradar e desumanizar seus oponentes”.
“Eu peço um fim imediato destes abusos que ferem indivíduos e colocam em risco o futuro da Síria”, declarou Ban, para quem o país “regrediu anos ou décadas” desde que a guerra começou há quase três anos.
Ele disse que espera que a segunda conferência de paz sobre a Síria, que vai ocorrer no dia 22, em Montreux, na Suíça, “lance um processo político, estabeleça um governo de transição com amplos poderes executivos e, mais importante, que acabe com a violência”.
Ban acrescentou, porém, que um grande estrago já foi feito e que qualquer processo político “terá de ser construído sobre a ajuda humanitária sustentável e posteriormente com assistência ao desenvolvimento de longo prazo”.
O secretário-geral destacou também o impacto que o conflito tem nos países vizinhos, que já receberam milhões de refugiados. O crescimento econômico do Líbano sofreu um corte de 3%, representando perdas de US$ 7,5 bilhões. Na Jordânia, os custos para receber os refugiados chegam a US$ 1,5 bilhão.
Para este ano, a ONU diz que precisará de US$ 6,5 bilhões para garantir assistência humanitária aos sírios. “Vamos mostrar ao povo sírio que o mundo está aqui para ajudar”, afirmou Ban para representantes de diversos países reunidos no Kuwait.
A secretária-geral adjunta da ONU para Assuntos Humanitários, Valerie Amos, acrescentou que o conflito provocou uma queda de 45% no Produto Interno Bruto (PIB) da Síria e a moeda local, a libra síria, perdeu 80% de seu valor. “Os preços dispararam”, ressaltou.
Segundo ela, o fornecimento de água foi reduzido em 50% e mais de 2 milhões de crianças estão fora da escola. “Podemos ter uma geração perdida”, alertou. Amos acrescentou que “todos os lados neste conflito mostraram total desrespeito às suas responsabilidades frente às leis internacionais de direitos humanos”. “O próprio tecido da sociedade se desfiou e o sectarismo se consolidou”, destacou.
O alto comissário da ONU para os Refugiados, Antonio Guterrez, informou que de um dos maiores acolhedores de refugiados, a Síria se tornou um dos maiores fornecedores. “Peço que todas as fronteiras sejam abertas [para a entrada de refugiados], não só as da região”, afirmou.
Entre as doações já anunciadas nesta quarta-feira estão a dos Estados Unidos, de US$ 380 milhões. “Nós nos empenhamos não só com esta doação, mas com o fim imediato do conflito”, disse o secretário de Estado norte-americano, John Kerry.
O Reino Unido, por sua vez, se comprometeu com 100 milhões de libras esterlinas, a Noruega com US$ 75 milhões, o Catar e a Arábia Saudita com US$ 60 milhões cada e o Iraque com US$ 13 milhões.
O jornalista viajou a convite do governo do Kuwait


