Cidade do Kuwait – O Kuwait tem interesse em importar mais produtos do agronegócio brasileiro como gado de corte, ovinos, ovos férteis e pintos de um dia, segundo disse neste domingo (14) o responsável pela área de importação de animais vivos na Autoridade Pública para Agricultura e Recursos da Pesca do país árabe, Abdulrahman Kandari, ao ministro brasileiro da Agricultura, Blairo Maggi.
“O Brasil ainda não exporta animais vivos ao Kuwait, gostaríamos de abrir um canal para discutir a importação de gado em pé do Brasil”, afirmou Kandari. “Temos interesse em importar gado de corte, ovinos, ovos férteis e pintos de um dia”, acrescentou.
O ministro respondeu que o governo brasileiro enviou ao do Kuwait em 2016 uma proposta de acordo sanitário para viabilizar negócios neste sentido. “Somos exportadores [de bovinos vivos] para outros países da região, temos interesse, temos oferta e gostaríamos de participar deste mercado”, declarou. “Ovos férteis e pintos, também temos interesse nesta área”, ressaltou.
Maggi observou que basta os dois países firmarem os acordos necessários para que os negócios aconteçam. “Excelente, estamos dispostos a abrir esta conversa”, concluiu Kandari.
As exportações do agronegócio brasileiro ao Kuwait somaram US$ 81 milhões de janeiro a abril, um aumento de 18% sobre o mesmo período do ano passado. A carne de frango é de longe o principal produto comercializado.
O ministro lidera uma missão oficial e empresarial a quatro países do Golfo, iniciada pelo Kuwait. A nação árabe importa 95% dos alimentos que consome.
Na Autoridade Pública para a Agricultura, Maggi deu um panorama do setor agropecuário brasileiro e falou sobre os objetivos da missão: aumentar os negócios bilaterais na área e garantir aos kuaitianos a qualidade das carnes brasileiras, cuja imagem foi afetada pela operação Carne Fraca da Polícia Federal.
Maggi foi recebido no órgão pela diretora-geral adjunta de Saúde Animal, Zahra Al-Wazan, e explicou que a investigação que apura suspeitas de irregularidades em frigoríficos e na atuação de fiscais da pasta diz respeito a 21 estabelecimentos, num universo de mais de 5 mil existentes no Brasil, e a 33 funcionários do ministério, num total de 11 mil.
“Nesta área nós exportamos para mais de 150 países e o índice de não-conformidade é tão baixo quanto qualquer padrão internacional”, destacou. “O contexto desta viagem é poder explicar isso aos governos e, dentro das possibilidades, gostaríamos de ampliar nossos mercados”, ressaltou.
O Kuwait embargou as importações de produtos dos 21 frigoríficos investigados, mas o próprio governo brasileiro já havia suspendido as licenças de exportação destas unidades logo que a operação foi deflagrada. O ministro garantiu que a fiscalização sanitária no Brasil é rigorosa. “Este é o nosso negócio, se o perdemos, não temos nada”, declarou. “Exportamos para os mercados mais exigentes do mundo, temos tido sucesso nisso”, disse.
Maggi foi acompanhado do secretário de Relações Internacionais do ministério, Odilson Luiz Ribeiro e Silva, do presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Maurício Antônio Lopes, do embaixador do Brasil no Kuwait, Norton Rapesta, do presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Rubens Hannun, do diretor-geral da entidade, Michel Alaby, e de outros integrantes da missão.
Do lado kuaitiano, participaram também da reunião a vice-diretora de Assuntos Técnicos da Autoridade Pública para a Agricultura, Reem Al Fulaij, o responsável pela área de pesquisa, Samir Al Zurqui, a diretora do laboratório de pesquisa na área de animais, Maha Al Batel, e a diretora de Assuntos Internacionais, Shurook Boodi.
Pesquisa
Também neste domingo, a delegação visitou o Instituto de Pesquisas Científicas do Kuwait (Kisr, na sigla em inglês), onde foi recebida pela diretora-geral Samira Omar. A instituição atua em diferentes frentes de pesquisa, inclusive agricultura em clima desértico. “Vejo muitas áreas de interesse mútuo”, observou o presidente da Embrapa. “Podemos promover um workshop entre pesquisadores [dos dois países] para identificar oportunidades de cooperação”, sugeriu Omar.
O grupo visitou dependências da instituição como viveiro de mudas de tâmaras, laboratórios, plantação experimental de alface e culturas de diferentes tecidos vegetais.
Maggi ainda se reuniu com os empresários brasileiros da missão na embaixada do Brasil. Nesta segunda-feira (15) será realizado um seminário na Câmara de Comércio e Indústria do Kuwait onde as empresas vão apresentar oportunidades de investimentos e de comércio. “Este é um momento estratégico para o agronegócio brasileiro e essa missão vai fazer a diferença”, comentou Rubens Hannun.
As empresas e entidades que integram a delegação são dos ramos de frangos, aquicultura, frutas tropicais, carne bovina, gado, logística, ovinocultura, portos, entre outros.