São Paulo – A América Latina foi a região que mais cresceu como origem de investimentos estrangeiros diretos (IED) no ano passado, de acordo com o relatório Global Investment Trends Monitor, divulgado nesta quarta-feira (27) pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad, na sigla em inglês).
“As empresas transnacionais da região, impulsionadas pelo crescimento econômico doméstico, ampliaram suas aquisições no exterior, especialmente em países desenvolvidos, onde oportunidades de investimentos surgiram no período pós-crise [financeira internacional]”, diz o documento.
O documento destaca os investimentos feitos pelo Brasil, que somaram US$ 11,5 bilhões, e do México, de US$ 12,7 bilhões. Ele cita aquisições feitas pelas brasileiras Vale, Gerdau, Camargo Correa, Votorantim, Petrobras e Braskem nas áreas de minério de ferro, aço, alimentos, cimento, indústria química e refino de petróleo.
No total, os investimentos externos dos países latino-americanos somaram US$ 83,9 bilhões, um aumento de 76,4% sobre 2009. Outras nações com participações importantes nesse montante são o Chile, Colômbia e Venezuela.
Este desempenho reflete a tendência geral identificada pela Unctad, de aumento da importância das nações em desenvolvimento e economias em transição como origem de IED.
Em 2010, estes países responderam por 28% dos recursos desembolsados ao redor do mundo, ante 15% em 2007, quando o fluxo global de IED teve seu pico, antes da crise financeira. Isso, de acordo com o relatório, reflete “a força das economias emergentes, o dinamismo de suas multinacionais e sua crescente aspiração de competir em novos mercados”.
Além disso, o levantamento revela que 70% do total originado nestas nações teve como destino outros países em desenvolvimento e economias em transição. Tal fenômeno, segundo a Unctad, é reflexo da recuperação mais rápida dos emergentes após a crise e das perspectivas mais positivas em relação a essas economias, em comparação com os países desenvolvidos.
Isso, no entanto, não quer dizer que as nações desenvolvidas não tenham ampliado seus investimentos externos em 2010, mas o crescimento foi menor, em média de 9,9%. Entre os emergentes, o avanço foi de 22,7%. Vale destacar o desempenho dos Estados Unidos, que ampliou seus investimentos em 31,2% para US$ 325,5 bilhões. O total global de desembolsos superou US$ 1,3 trilhão, um aumento de 13% em relação a 2009.

