São Paulo – Sementes brasileiras de algodão e soja estão brotando em terras do Sudão. Três semanas atrás, técnicos brasileiros plantaram os primeiros 500 hectares de um campo experimental – localizado no sul do país, a 400 quilômetros da capital, Cartum – que utiliza sementes, tecnologia, manejo e equipamentos agropecuários do Brasil.
Conforme a ANBA noticiou em março deste ano, o Brasil e o Sudão fecharam um acordo agrícola que pode aumentar em até três vezes o atual volume de produção de algodão do país árabe, que hoje é de 80 mil toneladas ao ano.
O acordo foi realizado entre a Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampa) e o ministro da Agricultura do Sudão, Elzubeir Bashir Taha, durante visita de uma comitiva de produtores do estado brasileiro ao país árabe.
“O campo experimental é resultado de uma parceria entre o grupo local de capital árabe e grupo Pinesso, do estado do Mato Grosso do Sul”, contou o empresário Paulo Hegg, que está coordenando o trabalho.
Segundo Hegg, a ideia é voltar para o país árabe em setembro para avaliar quais os tipos de sementes melhor se adaptaram ao clima local. “Como só chove apenas quatro meses por ano na região, também plantamos uma pequena área irrigada de cinco hectares para podermos avaliar o resultado das duas áreas", informou.
O próximo plantio, de cerca de 10 mil hectares, deve ocorrer em junho de 2011. "A região ainda está em análise, mas a meta é plantar uma área de 100 mil hectares ao longo de três anos", informou Hegg.
Além do campo experimental, o grupo vai criar um Instituto de Pesquisas Agrícolas no Sudão, em parceria com o Instituto Mato-grossense de Algodão (IMA) e o Agricultural Research Corporation (ARC), do país africano.
“A base do desenvolvimento é a adaptação ao clima e à terra local. Acabamos de receber um professor sudanês que visitou várias plantações algodoeiras e participou de reuniões com cientistas brasileiros do IMA, que irão juntos ao Sudão no final de setembro, para conhecer o local e estruturar o instituto”, explicou Hegg.
Segundo ele, o instituto será financiado pelo governo do Sudão e a estimativa é de que sejam investidos cerca de 5 milhões de euros. “O mais interessante desse projeto é que estamos ajudando o Sudão no desenvolvimento da agricultura, na modernização e no aumento da produtividade agrícola”, disse.