Marina Sarruf
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São Paulo – Um tipo de planta que vem sendo utilizada em larga escala pelos produtores brasileiros no agronegócio tem sua origem em um país árabe. É o sorghum sudanense, conhecido como Capim Sudão, originário do Sudão. "O sorgo em geral é originário do Norte da África e já é difundido no Brasil desde a década de 60, mas foi de alguns anos para cá que ele começou a ser mais utilizado", afirmou o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, José Avelino Santos Rodrigues.
Na safra de 2000, a produção brasileira de sorgos não chegava a um milhão de toneladas. Nos anos seguintes ela ficou próxima a dois milhões de toneladas. Na última colheita a produção alcançou 1,5 milhão de toneladas, segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produção de sorgos no país cresceu 0,8% neste ano em relação à safra do ano passado.
No Brasil, entre 80% e 90% dos sorgos plantados são híbridos. O próprio sorgo sudanês usado no país é um cruzamento da planta original do Sudão com o sorgo bicolor. A mistura resulta em um produto de alta qualidade nutritiva e produtividade, segundo Rodrigues. O produto chega a ter 18% a mais de proteínas do que os demais e por isso é adequado para a alimentação animal.
Segundo Rodrigues, o sorgo híbrido pode ser utilizado, além da forragem animal, também para alimentação humana, como é feito na África. Em alguns países africanos, o sorgo é consumido pelas populações. Segundo o pesquisador, o produto pode ser utilizado na fabricação de barras de cereais, farinha para panificação, amido industrial, álcool, entre outros. O sorgo é útil para fazer rotação de culturas, em lavouras como as de soja, e tem um ciclo mais rápido que outros tipos de pastagens.
O sorgo sudanês também é utilizado na forma original, sem cruzamento, por produtores gaúchos. A sua principal vantagem, neste caso, é que ele se desenvolve bem em clima temperado e é resistente à seca, características com as quais convivem os agricultures de algumas regiões do estado. "O produtor gaúcho precisa de um pasto bom e rápido", disse.
Outra vantagem da produção do sorgo está relacionada ao uso do plantio direto. Neste sistema, a semeadura da próxima cultura é feita no solo sem que a terra seja arada ou que sejam retirados os restos da planta anterior. O sorgo produz uma boa palhada para o plantio direto, largamente utilizado na cultura que faz rotação com ele no Brasil, a soja.
Atualmente, a cultura do sorgo tem apresentado grande expansão, por causa da rotação de culturas, principalmente em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Nestes estados está concentrado 85% do sorgo granífero plantado no país. Segundo Rodrigues, o sorgo pode substituir parcialmente o milho nas rações para aves, suínos e bovinos. O seu valor de comercialização, no entanto, é 20% menor que o do milho.
Segundo dados da Embrapa Milho e Sorgo, os maiores produtores mundiais de sorgos no ano passado, foram: Nigéria, com 9,8 milhões de toneladas; Estados Unidos, com 7,2 milhões de toneladas; Índia, com 7 milhões; México, 5,4 milhões e Sudão, 5,2 milhões. Já os três maiores consumidores foram Índia, Nigéria e Sudão.

