São Paulo – Fazendeiros dos Emirados Árabes Unidos vão importar camelos da Ásia Central para ampliar sua produção de leite e exportar o excedente à Europa. Em Julho do ano passado, a União Europeia aprovou um plano dos Emirados para demonstrar a qualidade e a segurança do leite de camela produzido no país, segundo informações do jornal The National, de Abu Dhabi. Ainda em 2011, uma delegação europeia irá visitar os Emirados para estudar a produção local.
Caso o relatório seja positivo, a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu devem aprovar a venda do produto no mercado europeu, de acordo com o jornal. Mas as duas principais produtoras do país, a Al Ain Dairy e a Emirates Industry, já sofrem para suprir a demanda local, segundo o The National.
A Emirates Industry produz cinco mil litros de leite de camela ao dia, e terá de ampliar sua produção para suprir o mercado europeu. Segundo os produtores, o problema é que as camelas não produzem um grande volume de leite. Enquanto uma vaca produz 40 litros do produto por dia, uma camela árabe produz apenas oito litros. Entretanto, outras raças do animal podem produzir o dobro.
Para melhorar a produção das camelas do país, Ulrich Wernery, diretor científico do Laboratório Central de Pesquisa Veterinária dos Emirados vai visitar o Cazaquistão, o Turcomenistão e o Quênia para adquirir camelos e camelas e levá-los aos Emirados. Também existe a possibilidade de compra de sêmen dos Estados Unidos, para uso em inseminação artificial.
Dromedários foram levados ao Turcomenistão durante a conquista árabe, no século oito, e desde então lá são criados o camelo bactirano, nativo, de duas corcovas, e o dromedário arábico, de uma corcova, para a indústria de carnes e leite.
Segundo Wernery, devido à longa história de produção de camelos, os animais turcomenos produzem em média 50% mais leite por dia do que aqueles dos Emirados. Além do mais, os animais do país são mais baratos. Enquanto um camelo de corrida dos Emirados custa 20 mil dirhans (US$ 5,4 mil), os camelos turcomenos para produção de leite custam, em média, US$ 300.
Dados da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), publicados pelo jornal, demonstram que o mercado global para leite de camela pode alcançar US$ 10 bilhões, com centenas de milhares de consumidores em potencial.
De acordo com o The National, testes demonstram que o leite de camela tem menos da metade da gordura do leite de vaca, só 40% do colesterol e o triplo da vitamina C. Ele pode também ser digerido por pessoas intolerantes à lactose e ajuda a reduzir alergias a alimentos. Essas características, segundo a Emirates Industry, dão ao produto a possibilidade de ingressar no mercado como alimento saudável. A empresa já vê oportunidades na produção de sorvetes, queijos e também na expansão da produção de chocolate.
*Tradução de Mark Ament

