São Paulo – Foi uma experiência pessoal com um voo cancelado em 2015 que levou o advogado Gabriel Zenette a criar, no ano seguinte, a Liberfly. “Eu passei por uma experiência bem ruim, onde não recebi nenhum suporte. Depois parei para pesquisar e descobri que 10 milhões de passageiros brasileiros passam por problemas de viagem todos os anos e apenas 5% deles entram em contato para receber uma indenização. Daí veio a ideia da Liberfly. Queria ajudar as pessoas a terem seus direitos atendidos”, conta o CEO da empresa, nascido na cidade de Santa Teresa, no estado do Espírito Santo.
Consolidada, a startup que tenta facilitar o acesso de passageiros a seus direitos em casos de problemas de viagem, como atrasos de voos, cancelamentos ou extravio de bagagem, já atendeu mais de 100 mil clientes e foi uma das 50 empresas a chegar às quartas de final do Mundial de Empreendedorismo realizado em Riad, Arábia Saudita.
“Apesar de não termos ganhado a edição de 2023 e nem feito nenhuma conexão com empresas ou agências de lá, esse evento acabou tendo um impacto positivo na projeção internacional e na autoridade”, afirmou Gabriel Zenette. “E até hoje, isso certamente impacta a nossa taxa de conversão dos clientes que chegam justamente por enxergarem maior confiança no nosso negócio”.
A vaga foi conquistada após a startup vencer uma seletiva regional do concurso “Sebrae Like a Boss” no Espírito Santo e ficar em terceiro lugar na etapa nacional, em Santa Catarina. No evento em Riad, Zenette apresentou o modelo de negócios da empresa em rodadas de “pitch” em inglês.
Tentando chegar mais longe na próxima edição da competição, Zenette inscreveu a Liberfly para participar do Mundial de Empreendedorismo de 2025. Até o momento, a empresa está entre as 250 que seguem na disputa para integrar o Mundial. Serão selecionadas 100 empresas para irem até a Arábia Saudita.
O que a empresa faz
A empresa, sediada em Vitória, Espírito Santo, atende clientes de todo o Brasil de forma digital e oferece duas modalidades de solução. A primeira é a compra do direito do passageiro. Neste modelo, a Liberfly analisa a documentação do caso e oferece um valor de até R$ 1.000, que é pago em 48 horas. Desta forma, a startup assume o risco do processo e o cliente recebe o dinheiro de forma antecipada.
“O cliente não gasta absolutamente nada. Ele envia a documentação, a gente analisa, realizamos a proposta. Assinando o contrato, o cliente recebe até R$ 1.000 na conta dele”, afirmou Zenette.
A segunda opção é para o consumidor que busca uma indenização de maior valor. A Liberfly o conecta a um advogado de seu diretório para iniciar um processo judicial. Não há custo inicial para o cliente. O advogado recebe 30% do valor obtido no final da ação, seja por acordo ou decisão judicial, e apenas em caso de sucesso. Se o processo for perdido, o cliente não tem custos.
Cerca de 80% dos casos recebidos pela startup são relacionados a problemas com voos, principalmente cancelamentos e atrasos, e a empresa pode atuar em casos ocorridos nos últimos cinco anos. Para atender toda a demanda, atualmente, a Liberfly conta com 42 funcionários.
Atuação no exterior
Do total de problemas com voos atendidos pela empresa, 30% envolvem companhias aéreas internacionais. A forma de atuação depende se a empresa estrangeira tem ou não representação no Brasil. “Você tem também a possibilidade de ajuizamento de um processo aqui no Brasil, caso essa companhia aérea tenha um CNPJ registrado”, explicou Zenette.
Quando a companhia não possui registro no Brasil e o problema ocorre na Europa, por exemplo, a Liberfly utiliza a legislação local. A norma das companhias que operam no continente prevê compensações administrativas que variam de 250 a 750 euros (entre R$ 1590 e R$ 4767), dependendo da distância do voo e do tempo de atraso.
Segundo Zenette, mesmo com a previsão legal, as companhias aéreas dificultam o pagamento. “Muitas vezes o cliente vai direto à companhia aérea exigir o que é seu de direito, quando ele sabe, e a companhia acaba não respondendo, deixando para lá, justamente por que, na maioria das vezes, as pessoas desistem”, disse.
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