Da redação
São Paulo – O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, disse na quinta-feira que chegou-se a um consenso entre os países árabes e que a reunião de cúpula da Liga, que foi cancelada pela Tunísia no início deste semana, será realizada. O local do evento, porém, ainda não foi definido, ressaltou.
A reunião estava prevista para ocorrer nos dias 29 e 30 de abril, em Tunis, mas o encontro foi cancelado unilateralmente pela Tunísia no sábado (27). Depois disso o Egito passou a ser oferecer para sediar o evento. "O que precisamos é de diplomacia pacífica; precisamos discutir as vantagens deste ou daquele local," disse Moussa ao canal de televisão estatal do Egito, o Canal 1.
O secretário-geral também declarou que há um "consenso" entre os 22 membros da organização de que o evento "deve ser presidido pela Tunísia." As diferenças relacionadas a reformas democráticas, que surgiram antes do cancelamento da reunião em Tunis, ainda persistem, mas Moussa garante que não irão atrapalhar a realização de outra cúpula.
"Há discórdia sobre o nível das reformas e sobre o fato de virem de fora," explicou Moussa, referindo-se a Washington estar empurrando por reformas políticas no Oriente Médio, de acordo com informações do jornal árabe Khaleej Times. "Mas somente uma reunião de cúpula pode resolver estas diferenças," acrescentou, descrevendo como "muito perigosa" a decisão da Tunísia de cancelar o encontro.
Moussa deve viajar para Tunis hoje para tentar resolver o problema. Da capital da Tunísia, seguirá para Argel (capital da Argélia) e Rabat (no Marrocos).
A Tunísia atribuiu sua decisão de cancelar a reunião ao fato de alguns países não desejarem discutir democracia. Mas a medida foi condenada pela maior parte da região.
Na quinta-feira, o Egito continuava suas conversas com outros estados árabes, e em um futuro próximo, Hosni Mubarak, presidente do país, deve encontrar se no Cairo com os presidentes Bashar Al Assad (Síria) e Omar al-Beshir (Sudão). Na quarta-feira (31), Mubarak conversou com o atual regente da Arábia Saudita, o príncipe Abdullah Bin Abdul Aziz, e com os reis Hamad do Bahrein e Abdullah II da Jordânia.
Uma fonte no governo egípcio informou à agência de notícias France Presse que 10 dos 22 países membros da Liga Árabe são atualmente a favor de fazer a reunião de cúpula em Sharm el-Sheikh, no Egito.
De acordo com a fonte, os países são Egito, Arábia Saudita, Síria, Bahrein, Kuwait, Jordânia, Iêmen, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Palestina. O jornal egípcio Al-Ahram informou na quarta-feira (31) que a reunião de cúpula deve ocorrer no Egito, no início de maio, embora a Tunísia continue insistindo que tem o direito de sediar o evento.
O ministro das Relações Exteriores do Marrocos, porém, informou na terça-feira que "enquanto a Tunísia não desistir de seu direito de sediar a reunião, não há razão para que seja transferida a outro lugar."
O colapso da reunião de cúpula em Túnis também foi largamente criticado pelo povo nos países árabes, que acha que os líderes falharam em não enfrentar o desafio de ir contra Israel após o assassinato, na semana passada, do líder espiritual do Hamas, o xeque Ahmed Yassin.

