São Paulo – O Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Instituto de Estudos Hispano-Lusófonos, da Universidade Mohamed V, de Rabat, no Marrocos, se uniram para produzir um livro contando o caminho percorrido junto pelos dois países até aqui. A iniciativa de produzir a obra “As relações entre o Marrocos e o Brasil” partiu da Embaixada do Brasil no Marrocos, que busca com o livro dar maior visibilidade à relação bilateral.
“Essa ideia partiu da constatação de que quase não há obras que tratem dos laços entre ambos os países – apesar da ótima relação bilateral, da boa vontade entre seus povos e do potencial desse relacionamento”, afirmou a coordenadora da obra, professora Fatiha Benlabbah, diretora do instituto marroquino.
Disponibilizado para leitura on-line, o livro reúne textos de oito autores, pesquisadores e diplomatas sobre diferentes aspectos das relações entre os países. O livro será lançado em Casablanca, em 11 de fevereiro, no 25º SIEL (Salão Internacional da Edição e do Livro), o maior evento literário do Marrocos. A coordenadora da obra e o embaixador do Brasil no Marrocos, José Humberto de Brito Cruz, estarão presentes na ocasião. A ideia é fazer mais encontros para lançamento do livro em outros locais. Haverá, ainda, evento de lançamento na capital marroquina, Rabat, em data e local a serem confirmados. O objetivo é democratizar o acesso ao conhecimento e ressaltar as potencialidades das relações bilaterais.
Os textos da obra são em português, francês e inglês, e foram traduzidos para o árabe. “Creio que fomos bem sucedidos em nosso propósito: a história comum (que remonta ao período colonial brasileiro e à presença portuguesa no Marrocos), a cooperação cultural e acadêmica, a dimensão econômico-comercial, a perspectiva dos atuais embaixadores (do Brasil no Marrocos e do Marrocos no Brasil) e o testemunho de antigos embaixadores, tudo isso faz parte do livro”, destacou Benlabbah.
Sobre a decisão de lançar a obra gratuitamente e com disponibilidade on-line antes mesmo do lançamento físico, a diretora explica que o objetivo é dar a maior visibilidade possível à obra. “Não existe interesse comercial, mas o de aumentar o acesso a temas de interesse da opinião pública. Por isso, além de sua difusão on-line e em versão impressa, o livro reúne os artigos em suas línguas originalmente escritas e em suas traduções para o árabe”, relatou.
Para o embaixador Brito Cruz, a relação entre os países é muito boa. Ele lembrou que o primeiro consulado do Brasil no Marrocos foi aberto em 1861. Já no Marrocos independente, o Brasil abriu sua Embaixada em Rabat, chefiada pelo escritor Rubem Braga, em 1961.
“Há um ótimo entendimento, tanto entre os governos quanto entre nossos povos. O grande desafio é o de aproveitar melhor o potencial econômico, comercial e humano da relação. Em 2018, tivemos um volume de comércio superior a US$ 1,4 bilhão. Na América Latina, o Brasil é o principal cliente e o principal fornecedor marroquino. Já há muito boa vontade entre os governos e um sentimento espontâneo de simpatia recíproca entre as populações, mas é preciso aumentar o conhecimento mútuo, para o aproveitamento dessas potencialidades. O livro é peça importante para isso – mas, obviamente, não é a única”, declarou o diplomata.
Como área em que o intercâmbio pode aumentar, ele citou o exemplo do turismo. “O número de turistas brasileiros no Marrocos já está em torno de 50 mil por ano e tende a aumentar. Caminhamos, portanto, para um aprofundamento dos vínculos humanos e um maior conhecimento recíproco”, afirmou o embaixador.
Cruz espera que o livro venha a público como uma fonte de pesquisa sobre a história da relação entre os dois países. “Os elementos de informação e de análise trazidos pelo livro são relevantes para que pesquisadores e opinião pública possam avaliar e compreender melhor o histórico e o potencial da relação entre os países. Brasil e Marrocos compartilham a mesma vizinhança atlântica, mas é preciso fazer mais pela ampliação e diversificação de contatos entre nossos povos. Os dois lados têm muito a ganhar com essa perspectiva”, concluiu.