Recife – Pernambuco tem oportunidades para investimentos e negócios na área de logística e a delegação de embaixadores africanos e árabes que se encontra no estado conheceu algumas delas nesta sexta-feira (20).
O grupo visitou o Estaleiro Atlântico Sul, que busca novos clientes para seus navios, inclusive no exterior, e também foi recebido por autoridades do Porto de Suape, que abrirá licitações para dois terminais em 2018. O estaleiro fica no complexo industrial portuário de Suape.
O Estaleiro Atlântico Sul trabalha atualmente em um pedido de cinco navios Aframax, que serão entregues para a Petrobras até 2019, mas tem capacidade para absorver novos pedidos, segundo informações do gerente de Engenharia e Vendas, Michel Pacheco de Andrade.
Os navios atualmente em produção têm tanques para transporte de petróleo, segundo informações dadas à delegação. O primeiro deles tem previsão de entrega em fevereiro do ano que vem e os demais serão entregues um cada quatro meses, de acordo com Andrade.
O estaleiro já produziu duas plataformas e outros dez navios chamados Suezmax, também para a Petrobras. O último navio Suezmax foi entregue há poucos dias. De acordo com Andrade, a prospecção de novos clientes começou há mais de um ano e tem visado principalmente empresas brasileiras, mesmo que os navios sejam para operações no exterior.
O Estaleiro Atlântico Sul é de capital nacional e acredita no potencial do mercado do Oriente Médio e da África para os navios. “Nós temos uma posição estratégica para atender a África”, afirmou Andrade, em função da proximidade da costa de Pernambuco com a africana.
Os embaixadores ouviram uma apresentação sobre o estaleiro, feita pelo gerente de operações Anselmo Passos, e então conheceram as instalações da empresa e as etapas da produção. Depois o grupo foi recebido pelo presidente do Porto de Suape, Marcos Baptista, e escutou apresentação sobre o porto feita pelo diretor de gestão portuária, Paulo Coimbra.
Suape tem quatro projetos principais passíveis de investimentos e eles foram mostrados aos diplomatas. Dois deles – o de um novo terminal de contêineres e de repasse do terminal de veículos para um terceiro operar – abrirão licitações no ano que vem, segundo Baptista.
O terminal de contêineres terá que ser construído pelo investidor, que será quem o operará. O terminal de veículos já existe e precisará apenas de melhorias para começar a ser explorado pelo investidor. De acordo com informações de Baptista, os processos serão abertos para estrangeiros. Ele conta que a Dubai Ports, operadora da área portuária dos Emirados, está interessada.
Além destes dois projetos, o Porto de Suape pretende atrair investidores para a implementação de terminal de graneis sólidos e minerais e para um terminal para regaseificação de gás natural liquefeito (GNL). Esse último permite que o gás seja importado por navios, na forma líquida, e depois transformado novamente em gasoso para uso no mercado brasileiro.
Baptista mostrou vontade de ter mais comércio com árabes e africanos via Suape. De acordo com ele, das 22 milhões de toneladas de cargas movimentadas no ano passado, só 800 mil foram com portos das duas regiões. “Temos um longo caminho a percorrer, mas estamos dando os primeiros passos”, disse ele aos embaixadores.
Atualmente grande parte das mercadorias que seguem de Suape para a África vão via Porto Las Palmas, nas Ilhas Canárias. Os embaixadores manifestaram a vontade de ter rotas mais diretas.
Em Pernambuco
A visita ao Porto de Suape e ao Estaleiro Atlântico Sul foi uma das últimas atividades da missão de diplomatas em Pernambuco. Na quinta-feira, eles foram recebidos pelo governador do estado Paulo Câmara (PSB) e pelo vice-prefeito do Recife Luciano Siqueira (PCdoB) e tiveram encontros com lideranças da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur) e da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (ADDiper).
Também na quinta-feira, o grupo teve encontros com empresários locais e participou de um jantar oferecido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A entidade é uma das promotoras da missão a Pernambuco, juntamente com as embaixadas. O Ministério das Relações Exteriores também apoia e participa das atividades.
Foi a primeira vez que diplomatas árabes e africanos fizeram uma missão conjunta a um estado brasileiro. O diretor geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, avaliou como positiva a participação das duas regiões e disse que as missões são importantes para mostrar o potencial do Brasil aos embaixadores.
O 3º Secretário da Divisão do Levante do Itamaraty, João Soares Neto, disse que a viagem foi importante para mostrar aos diplomatas que o potencial do Brasil não está restrito ao eixo de negócios Centro-Sul. “Toda a infraestrutura que conheceram aqui foi importante para terem uma imagem mais completa do País”, falou, destacando possibilidades concretas que esse tipo de ação proporciona.
O decano do Conselho dos Embaixadores Africanos, o embaixador de Camarões, Martin Agbor Mbeng, destacou a possiblidade de conhecer as oportunidades de intercâmbio entre Pernambuco e países árabes e africanos na missão e disse que ela foi importante para ver o que se pode fazer em conjunto e depois traduzir isso em ações concretas. “Brasil, África e países árabes têm muito em comum”, disse o diplomata.
O embaixador do Catar, Mohammed Al-Hayki, disse que os encontros foram importantes para intensificar as relações comerciais com Pernambuco e também destacou as conversas em torno das possibilidades dadas pela proximidade entre Pernambuco e a África. “Estamos muito otimistas”, disse ele, sobre o futuro das relações.
Participaram da missão diplomatas da Palestina, Catar, Líbia, Jordânia, Argélia, Egito, Iraque, Mauritânia, Tunísia, Sudão, Liga dos Estados Árabes, Camarões, Angola, Botsuana, Cabo Verde, Etiópia, Gabão, Malaui, Senegal, Tanzânia, Togo, África do Sul e Benin.