São Paulo – A empresária que lidera uma das maiores redes de varejo do Brasil e é fundadora de grupo que reúne mais de 100 mil mulheres compartilhou sua história nesta quarta-feira (31) em evento na Câmara de Comércio Árabe Brasileira, na capital paulista. Mostrando admiração pela velocidade que tudo acontece no mundo árabe, Luiza Helena Trajano trouxe uma mensagem de otimismo para as empreendedoras participantes e sobre a importância da contribuição feminina nas políticas públicas.
A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza e presidente do Grupo Mulheres do Brasil falou na mesa-redonda “As experiências do empreendedorismo feminino no mundo árabe”, na qual contaram suas experiências com o mercado árabe as executivas brasileiras Helena Araújo, da BRF, Maria Prado, da FAME, e Alessandra Stefani, da Mac Jee. A conversa foi mediada pela diretora da Câmara Árabe e do comitê feminino da instituição, Claudia Yazigi Haddad.
- Leia também:
Grupo Mulheres do Brasil cria núcleo em Dubai
Empresárias do Brasil compartilham experiências com árabes
Usando o exemplo do Magazine Luiza, que emprega cerca de 40 mil pessoas diretamente e gera trabalho para quase 100 mil indiretamente, Trajano incentivou as empreendedoras e apontou o papel social que têm. “Nós temos muita alegria de gerar emprego. Eu acho que depois da saúde, o emprego é o que dá mais liberdade para as pessoas. E temos empreendedoras aqui. Não importa se você está dando um, dois, três empregos. Está dando dignidade para as pessoas sustentarem a família”, disse.
Trajano contou sobre os primórdios do Magazine Luiza, criado por sua tia, que no final da década de 1950 deixou o trabalho de vendedora e abriu uma loja para gerar emprego para a família. Depois de falar como sua mãe a educou, dizendo sempre “você é capaz”, Trajano contou sobre a tia. “Nunca teve crise, nunca falou ‘nós não podemos’, sempre achou que a gente era capaz, e vendia igual árabe”. disse.
Trajano entrou para o negócio bem nova e relatou algumas inovações da rede, como o uso das salas digitais já na década de 1990, a decisão de auditar a empresa também naquela década, a busca da parceria com um banco na área dos financiamentos, a preocupação com a equipe, e depois a operação de vendas digitais paralelamente às lojas físicas. “A gente sabia que a gente queria crescer”, disse.
Sociedade civil
A empresária contou que sempre teve vontade de montar um grupo da sociedade civil. O Mulheres do Brasil surgiu após uma reunião de duas horas e meia de mulheres que se preparavam para um encontro com interlocutores do governo federal na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff, para o qual foram chamadas também empreendedoras de comunidades. “A gente se reuniu por um objetivo, mas saiu outro”, relata. A afinidade tida entre elas impulsionou a criação do grupo atual.
Hoje o Grupo Mulheres do Brasil reúne mais de 100 mil mulheres como uma rede suprapartidária que defende a liderança feminina na construção de um país melhor. “Hoje temos 22 causas que a gente faz acontecer. Eu não dou conta de ver o que faz no mundo inteiro o Mulheres do Brasil. A gente não dá conta, é tanta coisa, tanta coisa que vocês não imaginam”, disse. A ideia é que o grupo, como uma iniciativa da sociedade civil, tenha influência nas políticas públicas brasileiras.
O comitê feminino da Câmara Árabe, o Wahi – Mulheres que inspiram, começou uma aproximação com o Mulheres do Brasil e já foram feitas algumas ações de cooperação. O evento realizado nesta quarta-feira foi promovido pelos dois grupos. O Mulheres do Brasil também esteve em visita aos Emirados Árabes Unidos no começo deste ano e criou recentemente um núcleo em Dubai, no país árabe.