Riad – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou na manhã desta terça-feira (28) em Riad, capital da Arábia Saudita, por volta de 11 horas (horário local). A convite do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, Lula está no país para uma visita bilateral acompanhado por doze autoridades governamentais. Ele foi recebido pelo vice-governador de Riad, Mohammed bin Abdulrahman bin Abdulaziz.
Às 18h30 (12h30 de Brasília), Lula saiu para se reunir com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro do reino, Mohammed bin Salman (MBS), acompanhado pelo ministro do Comércio saudita, Majid bin Abdullah al Qasabi. Os custos da estadia da delegação brasileira estão sendo pagos pelo governo saudita.
Nesta quarta-feira (29), ocorrem dois eventos com a presença do presidente Lula e do ministro de Investimentos saudita, Khalid Al Falih. O primeiro será o Fórum Empresarial Arábia Saudita-Brasil, organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Lula encerra o evento e participa da abertura do Seminário Embraer, à tarde. Em seguida, viaja a Doha, no Catar.
Investimentos
Na chegada da comitiva ao Hotel Ritz-Carlton, nesta manhã, os ministros Rui Costa, da Casa Civil, Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, falaram com a imprensa. Eles já estão em Riad há dois dias e vêm fazendo reuniões com ministros e fundos de investimentos sauditas.
Rui Costa contou que teve reuniões com os ministros de Investimentos e de Minas e Energia sauditas ontem, e que nesta manhã houve reuniões com o fundo estatal de investimentos, que de acordo com o ministro, coordena os outros seis fundos de investimentos do país. Costa informou que já foi anunciado o desejo de investir US$ 10 bilhões no Brasil e que recentemente foi formalizado um documento na embaixada da Arábia Saudita em Brasília abrindo um leque de opções para a aplicação desse investimento.
“Agora, vamos formalizar nessa viagem um grupo de trabalho que envolva ministros tanto do governo brasileiro como saudita para materializar esses investimentos, que vão desde a área de energia, passando por energias renováveis, segurança alimentar, produção de alimentos, infraestrutura”, disse. Ele informou ainda que os sauditas têm interesse que empresas brasileiras produzam no seu país.
Segundo Rui Costa, o investimento anunciado em 2019, no governo anterior – de US$ 10 bilhões – não foi materializado. “Porque não teve sequência de monitoramento, acompanhamento e apresentação de opções, o que estamos fazendo agora, com a constituição desse grupo de trabalho e com esse documento que entregamos. Então a ideia é que possamos sair daqui já com linhas concretas e anúncios concretos, e desdobrando depois com investimentos. Aqui, inclusive, contaremos com a participação direta da Confederação Nacional da Indústria (CNI), através do [presidente] Ricardo Alban, e também da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o presidente [Josué Gomes] chegou ontem e inclusive estava conosco nessa reunião”, declarou.
De acordo com informações do governo, desde o início de 2023 já foram investidos US$ 3,8 bilhões desses US$ 10 bilhões anunciados.
Há também expectativa de investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), nas áreas de infraestrutura e geração de energia. “A expectativa é que parte desse investimento ocorra através de fundos de investimentos; eles normalmente participam não necessariamente sendo majoritários nos projetos – tanto de projetos que estão consolidados como eventualmente de novos projetos, podem participar como sócios. Agora mesmo, nos dois leilões de rodovias do Paraná, que acabamos de fazer, o fundo de investimento árabe participou. Da proposta, consta 20% de participação deles, muitas vezes eles entram compondo o capital do negócio a ser efetuado”, falou Costa.
Energia
Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia, disse que está sendo “apresentado para eles, que têm uma matriz muito dependente dos combustíveis fósseis, as grandes potencialidades do Brasil nas energias renováveis”.
“Estamos indo para a COP para protagonizar a transição energética justa e inclusiva e nós queremos defender que ela seja obrigatória, como disse o Papa Francisco, para que nós possamos proteger o planeta, e no caso do Brasil especialmente, gerar oportunidade de emprego e renda, combater desigualdade, fazer inclusão social, que é o grande objetivo do governo do presidente Lula”, disse.
Silveira informou que está sendo levado um grande projeto para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima de 2023 (COP28, em Dubai) e que será apresentada ao mundo a matriz energética brasileira, que segundo ele, é 88% limpa e renovável, além do potencial dos biocombustíveis, que podem ajudar a descarbonizar as matrizes de transporte e mobilidade urbana. Ele também mencionou a produção de hidrogênio verde por meio de energia solar e eólica “para poder reindustrializar o Brasil, gerar oportunidades, e em um futuro próximo, poder exportar sustentabilidade, fazendo a proteção e a salvaguarda do planeta”, disse.
Portos e aeroportos
O ministro Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, disse que está dialogando com investidores para apresentar a agenda portuária. “Temos R$ 50 bilhões para projetos greenfield em áreas estratégicas no Brasil; queremos fazer novos portos para poder ampliar o escoamento da produção brasileira, tendo em vista o crescimento do agronegócio no Brasil, e os investidores árabes sinalizam interesse em poder fazer operações portuárias no País”, disse.
Costa Filho também afirmou que o governo está trabalhando para levar novas companhias aéreas para o País para ampliar a oferta de voos internacionais para novos destinos. “Este ano, vamos chegar a 105 milhões de passageiros e podemos, nesses próximos cinco anos, chegar a mais de 130 milhões, e para isso vamos precisar de mais companhias. É isso que estamos apresentando para a Arábia Saudita, a possibilidade deles virem começar a operar no Brasil, que será muito benéfico para o País”, declarou.
Fazem parte da comitiva presidencial os ministros Rui Costa, da Casa Civil; Fernando Haddad, da Fazenda; Carlos Fávaro, da Agricultura e Pecuária; Silvio Costa Filho, de Portos e Aeroportos, e Alexandre Silveira, de Minas e Energia, além dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante; da Petrobras, Jean Paul Prates, e da ApexBrasil, Jorge Viana. O embaixador Celso Amorim, assessor especial da Presidência, e o embaixador Fernando Igreja, chefe de Cerimonial da Presidência, também estão na delegação, além do secretário de Oriente Médio e África do Itamaraty, Carlos Duarte, e do embaixador do Brasil em Riad, Sérgio Bath.