Riad – Era uma noite fresca de lua cheia na capital saudita, em Riad, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com o primeiro-ministro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, nesta terça-feira (28).
Na primeira agenda do presidente no país árabe, Lula e MBS discutiram o fortalecimento das relações bilaterais, investimentos nas duas direções e oportunidades para empresas nacionais no país árabe.
Os líderes projetaram que a relação comercial entre os dois países, que completa 50 anos em 2024, possa saltar dos US$ 8 bilhões atuais para US$ 20 bilhões até 2030.
O príncipe herdeiro Mohammed bin Salman mencionou a posição do Brasil e da Arábia Saudita como líderes econômicos de suas regiões e sinalizou que esse é um indicativo de que uma parceria mais forte e estratégica entre os dois países será interessante para todos os lados.
O investimento de US$ 10 bilhões que o Fundo Soberano Saudita planeja aplicar no Brasil foi um dos tópicos da conversa. Desse montante, US$ 9 bilhões estão previstos para serem investidos nos próximos sete anos e no leque de possibilidades, há projetos nas áreas de energia limpa, hidrogênio verde, defesa, ciência e tecnologia, agropecuária e aportes em infraestrutura conectados ao Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Lula foi o primeiro presidente brasileiro a visitar a Arábia Saudita, em 2009. Ele mencionou a reaproximação do Brasil com os países árabes e destacou o potencial brasileiro para a transição energética e ações de combate à crise climática. O presidente informou ao príncipe que o Brasil vai apresentar na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP28), em Dubai, avanços no controle do desmatamento e ações conectadas à preservação e proteção das florestas tropicais.
Dentro do programa saudita Visão 2030, o país tem objetivos de sustentabilidade que envolvem a produção de 90 GW de energia limpa pelos próximos sete anos, tanto dentro quanto fora do país, e o Brasil é uma das nações com maior potencial para receber investimentos com esse fim, em energias renováveis, como o hidrogênio verde.
MBS falou sobre o protagonismo internacional do Brasil e mencionou a importância estratégica da presidência brasileira do G20, que se inicia em dezembro. O grupo reúne as maiores economias do mundo. O príncipe também ressaltou a entrada da Arábia Saudita no Brics, e afirmou que o país tem interesse em ter uma participação ativa no banco do bloco, o Novo Banco de Desenvolvimento, ou Banco dos Brics. O grupo dos Brics é formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas novos membros, como os sauditas, foram chamados a ingressar.
Convidado pelo presidente Lula para visitar o Brasil na comemoração dos 50 anos das relações bilaterais, no ano que vem, o líder saudita demonstrou interesse em viajar ao País e conhecer, especialmente, a Amazônia. Ele fez referência ao fato de o Brasil ser um país pacífico e com manifestações culturais muito apreciadas em seu país, além do futebol.
Os mandatários e suas comitivas ainda falaram sobre a construção de um conselho bilateral, em nível ministerial, que se reúna periodicamente para promover o aprofundamento das relações econômicas e políticas entre os dois países, tema comentado anteriormente pelo ministro Rui Costa, da Casa Civil, em fala à imprensa na manhã desta terça-feira (28).