São Paulo – A companhia têxtil brasileira Lunelli, de Santa Catarina, esteve representada na Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, a COP28, em Dubai, pela especialista em sustentabilidade da empresa, Mariana Emmerich (na foto, à esq.), que falou em painéis sobre moda e sustentabilidade durante o evento. Foram destacados os avanços da empresa nas práticas sustentáveis.
“A sustentabilidade está no DNA da Lunelli, é uma empresa familiar que começou pequena e teve todo esse crescimento, sempre pensando na otimização dos recursos”, disse a especialista à ANBA.
Mariana compartilhou nos painéis a jornada da Lunelli, que segundo ela, já começou sustentável, com a produção de fraldas a partir de sobras de tecidos da indústria, em 1981. Os painéis tinham como tema ‘Moldando um Futuro Sustentável: Criando uma Indústria de Moda e Beleza Sustentável’, e ‘Histórias de sucesso sobre governança e desafios ESG’. ESG é sigla de governança ambiental, social e corporativa, em inglês.
“No painel de moda e beleza, fomos a única empresa têxtil e tivemos uma discussão muito rica, é interessante perceber o poder que a indústria tem de influenciar o comportamento de consumo, de colocar esse hábito da escolha do consumo consciente no comportamento do consumidor, a busca por produtos de moda com certificação, rastreabilidade. Sozinhos como empresa de moda não conseguimos fazer a mudança, a mudança para o consumo consciente precisa ser coletiva”, disse.
Signatária do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil desde novembro, a Lunelli se compromete com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A empresa criou a área de sustentabilidade em 2019, mas segundo Mariana, já existia desde 2006 um sistema de gestão ambiental, com processos certificados pela norma internacional ISO 14001.
“O Pacto também faz parte da nossa estratégia e foi muito importante estar na COP28 junto com eles. Essa adesão veio para confirmar esses compromissos e prestar contas do nosso progresso; já tínhamos os ODS priorizados de forma voluntária”, disse.
Em 2022, houve uma mudança de estrutura na empresa que juntou a área de sustentabilidade com a de governança e auditoria, tornando o ESG um setor estratégico para o modelo de negócios, de acordo com Mariana. “Foi um processo de amadurecimento trazer o ESG para dentro da estratégia da empresa porque para ter um negócio sustentável, ele precisa ser economicamente viável”, disse.
Hoje, a Lunelli conta com dois relatórios de sustentabilidade publicados que reportam uma série de iniciativas de sustentabilidade ambiental, social e de governança.
Para reduzir os impactos ambientais da indústria têxtil, a Lunelli investe em matérias-primas de menor impacto e processos ecoeficientes, como algodão e viscose certificados, e é membro do movimento Better Cotton Initiative (BCI) para produção mais responsável do algodão na cadeia têxtil.
Conta ainda com a maior estamparia digital do País, que otimiza o processo e aumentou em 24% a produção de estampas com a tecnologia, reduzindo em 15% o consumo de água no comparativo com o processo nos métodos tradicionais.
Recentemente, foi implantada uma tecnologia sustentável de tecido modal, biodegradável, como a viscose, feito à base da madeira. A Lunelli quer disponibilizar ao mercado uma média de quatro toneladas do produto ao mês. O tecido valoriza a recuperação de subprodutos da madeira, contribuindo para um ciclo econômico mais sustentável.
A Lunelli tem 42 anos e possui duas unidades de negócios, uma de malhas e tecidos e outra de confecção, que conta com oito marcas de vestuário entre infantil, feminino e masculino, moda praia, moda urbana, esportiva e jeans. A empresa familiar mantém fábricas em Santa Catarina, São Paulo, Ceará e no Paraguai e conta com mais de cinco mil funcionários. Há também ações no âmbito social e de governança.
Moda exportação
A Lunelli tem grande presença nacional e tem lojas próprias ou coleções em multimarcas em quase todos os estados brasileiros. No exterior, cerca de 80% das vendas vão para países da América do Sul e Central, mas também atende América do Norte e Europa. Este ano, começou a vender para o Líbano e já tem pedidos do país árabe para o ano que vem. A companhia tem estratégia de expansão para outras regiões, inclusive Oriente Médio.
Uma das lições que Mariana tirou da viagem a Dubai foi que há desafios em todos os setores, que a mudança é coletiva e que estão sendo conduzidas “Ações e soluções locais para problemas globais”.