São Paulo – A venda de calçados brasileiros aos Emirados Árabes Unidos apresentou crescimento de 90,8% em receita e de 172,2% em número de pares no mês de janeiro, conforme relatório divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). O volume total embarcado ao país árabe foi de 465 mil pares, com receita de mais de US$ 2,8 milhões, o que representa cerca de 3% do total exportado pelo País.
“Analisando especificamente as exportações para os Emirados, o que puxou as exportações foram os chinelos de borracha, com crescimento de 433% em volume na relação com janeiro do ano passado. Friso que a importação desse produto brasileiro responde por mais de 50% da pauta daquele país”, informou a coordenadora de Inteligência de Mercado da Abicalçados, Priscila Linck, em nota à ANBA.
No primeiro mês do ano, o Brasil registrou embarque de 15 milhões de pares para seus mais de 150 destinos, com receita de US$ 99,3 milhões, altas de 33,4% em volume e 23% em receita no comparativo com janeiro de 2018.
“Existe um efeito positivo nas exportações brasileiras, notado desde o último trimestre de 2018, que é pulverizado em todos os mercados. Não existe um destaque ou diferencial específico para os Emirados. A tendência é decorrente, principalmente, da estabilização internacional, arrefecimento das tensões comerciais e estabilização cambial”, acrescentou Linck.
Os principais destinos do calçado brasileiro em janeiro foram Estados Unidos, França, Argentina e Reino Unido, nessa ordem. No mês, os norte-americanos compraram 1,67 milhão de pares por US$ 18,47 milhões, crescimento de 80% em volume e de 52% em receita ante o mesmo mês de 2018.
“A percepção de recuperação do mercado estadunidense, especialmente a partir da possibilidade de taxação extra do calçado chinês naquele país, está se confirmando”, disse o presidente da Abicalçados, Heitor Klein, em nota divulgada pela associação. Segundo ele, o Brasil deve ocupar o espaço deixado pelo calçado asiático naquele mercado.
Para a França foram enviados 1,77 milhão de pares, com receita de US$ 9 milhões, quedas de 4% e de 21%, respectivamente, ante janeiro de 2018. Para a Argentina também houve decréscimo nos embarques, segundo a Abicalçados, pela crise econômica e para preservar suas reservas cambiais. Em janeiro, o país vizinho comprou 333,27 mil pares por US$ 4,3 milhões, baixas de 2% em pares e de 24,6% em receita no comparativo com janeiro de 2018.
O Reino Unido comprou mais calçados brasileiros em janeiro. Foram 307,3 mil pares a US$ 3,54 milhões, altas de 231% em volume e de 115% em dólares em igual comparativo. “Com debates acalorados acerca de sua saída da União Europeia, o país parece estar diversificando seus fornecedores de calçados”, avaliou Klein, em nota.
O presidente da Abicalçados informou ainda que o número positivo das exportações foi puxado pelos embarques a partir do estado do Ceará, que tiveram aumento de quase 60% na relação com janeiro do ano passado. “Existe um movimento de retomada nos embarques, já sentido nos meses finais do ano passado”, comentou. Segundo Klein, o câmbio mais estável e a retomada do mercado nos Estados Unidos também são indicadores importantes.
Do Ceará partiram 7,3 milhões de pares com receita de US$ 38 milhões, altas de 44,3% e de 56,8%, respectivamente, em relação a janeiro de 2018. O segundo maior estado exportador foi o Rio Grande do Sul, com 2,37 milhões de pares embarcados gerando US$ 37,9 milhões, o que representou alta de 26,8% em volume e de 9,2% em dólares no mesmo comparativo. A terceira origem das exportações foi o estado de São Paulo, com 510,2 mil pares embarcados por US$ 7,35 milhões, altas de 25,5% e de 5,2%, respectivamente, em igual comparativo.