Dubai – “Cerca de 30% do volume exportado pelos frigoríficos brasileiros é destinado ao mundo árabe, então nossa presença na Gulfood é de consolidação de mercado, mesmo”, afirmou a diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Liège Nogueira, em entrevista à ANBA no segundo dia da Gulfood, em Dubai, nesta segunda-feira (18). Os maiores mercados do Brasil no setor de carne bovina na região são Egito, Irã (que não é árabe, mas fica no Oriente Médio) e Arábia Saudita, e seus maiores concorrentes são os Estados Unidos, a Austrália e a Índia – esta última, com a carne bubalina, de acordo com a diretora.
A Abiec está presente com uma área no pavilhão de carnes da Apex-Brasil na Gulfood, com empresas de pequeno e médio porte do setor. Marfrig, JBS e Minerva Foods, de grande porte (que abatem mais de mil cabeças de gado por dia) estão com estandes próprios, próximos ao pavilhão da Apex.
“O Brasil atende às duas grandes demandas de qualidade nas exportações, que são textura, maciez e paladar ao consumidor final, e as normas sanitárias e a segurança do alimento”, explicou Nogueira. Segundo a diretora, o Egito comprou 17% mais carne bovina brasileira em 2018, no comparativo com o ano anterior. “A queda na compra na virada de ano é natural, mas mesmo assim houve crescimento, e os países muçulmanos costumam comprar grandes volumes entre um e dois meses antes do Ramadã para estocar”, afirma. O Ramadã é um período de um mês em que os muçulmanos jejuam do nascer ao pôr do sol e sua data segue o calendário lunar islâmico; este ano terá início em 05 de maio e irá até 04 de junho.
“A Gulfood já é considerada uma feira global, recebemos gente do mundo todo, asiáticos, europeus, e se tornou um ponto de encontro anual, já que as duas maiores feiras do setor – a Anuga, na Alemanha, e a Sial Paris, na França – são bienais e se revezam entre si”, declarou Nogueira, enfatizando que a Abiec participa do evento no Golfo há oito anos. “A feira está muito boa, muito cheia, estão nos visitando bastante, já fechamos negócios com o Irã”, informou, sobre vendas das empresas presentes no estande da Abiec.
Para Rada Saleh, sócio diretor da Ramax Group, estes primeiros dias da Gulfood são mais de conversa. Os negócios, mesmo, são fechados a partir do terceiro dia em diante, segundo ele. “O primeiro e o segundo dia são talk, talk, talk and walk”, disse o empresário. O termo em inglês significa algo como ‘fala, fala, fala e vai embora’, numa comparação de Saleh com “dar uma olhadinha” nas vitrines quando se está em um shopping. “Neste primeiro momento os visitantes estão conversando e pesquisando preços, mas a partir de amanhã já começam a tomar as decisões, vamos aguardar”, declarou.
“Para nós, os negócios só começam a ser fechados após a feira”, disse Ruy Corte, diretor da Dom Glutão, empresa de carne bovina que está com um espaço no estande da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. A Gulfood, para ele, é muito importante para fazer contatos com clientes em potencial e fortalecer os laços com os que já compram seus produtos. “Hoje o movimento já está melhor que ontem, conversamos com clientes e pessoas do Iraque, Emirados, Omã, Palestina, e até da China e Kosovo”, contou.
Presença ilustre
A Gulfood recebeu nesta segunda-feira a visita oficial de Mohammed bin Rashid Al Maktoum, emir de Dubai, primeiro-ministro e vice-presidente dos Emirados Árabes Unidos. Ao passar próximo ao estande da Câmara Árabe cercado por homens com as tradicionais vestes muçulmanas, uma multidão se aglomerou à sua volta para tirar fotos ou apenas ver a autoridade passar. Sua figura é muito conhecida e cultuada no país e estampa diversos murais pela cidade de Dubai, além de quadros e fotos suas em escritórios.