São Paulo – O Brasil diminuiu suas importações de azeitonas nos primeiros quatro meses deste ano, mas comprou significativamente mais do Egito no período. Segundo informações compiladas pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira com base em dados do Ministério da Economia, os embarques de azeitonas do Egito ao mercado brasileiro resultaram em receita de US$ 6,7 milhões de janeiro a abril, o que significou uma alta de 210% sobre o mesmo período de 2019.
A presidente da Associação Brasileira de Produtores, Importadores e Comerciantes de Azeite de Oliveira (Oliva), Rita Bassi, acredita que um dos motivos para o aumento das vendas do Egito no período tem relação com a crise econômica que enfrenta a Argentina, que é a principal fornecedora de azeitonas do Brasil. A queda nas vendas de azeitonas argentinas ao Brasil, no mesmo período em que as do Egito subiram, foi de 27%. O país vizinho teve receita de US$ 12,5 milhões com as vendas.
O Egito também conseguiu mais competitividade para suas azeitonas no Brasil desde que entrou em vigor o acordo de livre comércio do país com o Mercosul, em setembro de 2017. Antes desta data, a taxa para o Brasil importar azeitonas egípcias era de 14%. O imposto caiu em 25% quando o acordo passou a valer, em 50% depois de um ano e em 75% no final do ano passado. Esse é atualmente o desconto sobre a taxa de importação, mas ela vai ser zerada em setembro deste ano.
Nos primeiros quatro meses deste ano, o Egito foi o terceiro maior fornecedor de azeitonas para o Brasil. O primeiro foi a Argentina, o segundo foi o Peru, a Espanha o quarto e Portugal o quinto. Os peruanos venderam US$ 7,2 milhões em azeitonas ao Brasil, os espanhóis US$ 3,6 milhões e os portugueses US$ 551 mil. As vendas do Peru recuaram 6,8%, as da Espanha 6,98% e as de Portugal subiram 43,8%.
O Brasil comprou US$ 30 milhões em azeitonas do exterior de janeiro a abril, valor 3,3% menor do que em igual período de 2019. Rita Bassi relata que o consumo brasileiro de azeitonas é abastecido principalmente pelas importações e que a azeitona que chega de fora do País é a de mesa. “A azeitona é muito usada no food-service, nos restaurantes, bares, é um aperitivo”, afirma ela. Grande parte da venda é no Brasil é a granel, segundo Bassi. Nos supermercados, há azeitonas comercializadas com marcas, mas boa parte é vendida solta, por quilo, no balcão.
Rita Bassi acredita que um dos motivos para a importação brasileira de azeitonas ter recuado de janeiro a abril é a valorização do dólar em relação ao real, decorrente da pandemia da covid-19 e agravada pelos problemas internos do País. O dólar começou o ano de 2020 valendo R$ 4 e ultrapassou os R$ 5 no final de março, o que acabou tornando mais caro para o Brasil trazer produtos do exterior, ao mesmo tempo em que tornou mais competitiva a exportação.
Egito
Desde que o Acordo Mercosul-Egito foi assinado, os setores público e privado do país árabe tem feito ações para promover seus produtos no Brasil, boa parte delas em parceria com a Câmara Árabe, a Embaixada do Egito no Brasil e o Escritório Comercial do Egito em São Paulo. A azeitona foi um dos produtos egípcios divulgados nestas ações, que incluíram desde realização de seminários para discussão de mercados até a participação de marcas egípcias em feiras de alimentos do Brasil, como a Apas Show.