São Paulo – É seguro receber e fazer pagamentos de exportações com os instrumentos bancários atuais, afirmou Gustavo Pieratti (foto acima), chefe de Relações Internacionais do banco BS2, durante webinar promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira na manhã desta quarta-feira (08), que foi acompanhado por cerca de 800 pessoas do Brasil e do exterior. O BS2 é uma entidade financeira digital com portfólio nos serviços de banking, investimento, meios de pagamento, câmbio e crédito.
“Hoje as ferramentas de controle, auditoria e conhecimento do negócio são muito altas, é difícil fazer uma transação bancária em desacordo com essas normas sem a anuência de uma das partes”, disse Pieratti. O banco BS2 tem sede em Belo Horizonte, capital mineira, e foi fundado há 28 anos.
Ele comparou o banco a um escudo que protege as transações comerciais de tentativas de fraudes e hackers, com instrumentos bancários como compliance, controles internos, due diligence e instrumentos de crédito para dar tranquilidade aos clientes.
“O mercado bilateral entre o Brasil e os países árabes no ano passado foi de cerca de US$ 18 bilhões, 100% através de transações bancárias, e recebimento antecipado através de instrumentos de crédito. O controle desses meios de pagamento é alto. Compliance hoje em dia é o nome do jogo. Não tem como fugir, nada fica de fora”, disse.
O mediador do encontro virtual foi o vice-presidente de Comércio Exterior da Câmara Árabe, Ruy Carlos Cury. Ele afirmou que “exportar é vender e vender é receber; importar é comprar e comprar é pagar”, e que esses cuidados documentais e jurídicos são importantes e dão tranquilidade ao importador e exportador tanto árabe quanto brasileiro.
Para Cury, a parceria com o sistema bancário com o comércio exterior é muito importante para que haja uma operação positiva, concreta e para que ela seja realizada. “Hoje é uma obrigação legal a participação do sistema [bancário] por causa da parte cambial, onde o banco é um parceiro efetivo e importante nas negociações comerciais”, declarou.
Ainda sobre a segurança bancária falou também no webinar o chefe de serviços comerciais do Banco Nacional de Fujairah, nos Emirados Árabes Unidos, Madhavan Rajagopalan. O banco regional dos Emirados trabalha principalmente na área de finanças societárias e comerciais, e oferece aconselhamento inclusive para a questão das finanças islâmicas.
Segundo Rajagopalan, quando se pensa em segurança bancária em importações e exportações, há vários instrumentos disponíveis. Ele citou due diligence e know your customer (KYC) como dois exemplos. “No aconselhamento para importadores e exportadores fazemos uma lista de ações que a empresa deve fazer, desde a escolha do instrumento e da empresa de remessa. Esse é o nosso papel principal e é isso que vai levar mais segurança para as mercadorias enviadas”, disse.
Ele afirmou ainda a importância de se fazer uma remessa com um banco envolvido, e não diretamente ao comprador, para que haja um controle para o exportador. “Com o conhecimento de embarque (bill of lading), o banco saberá quais são os termos do pagamento. É necessário que haja esse documento e também um documento para o aceite, com todos os detalhes especificados. Nesse caso, o banco é como um agente para o exportador. Ele vai simplesmente seguir todas as instruções fornecidas por esse exportador para criar mais controle e segurança”, disse.
Do ponto de vista do comprador e para proteger os seus interesses, Rajagopalan disse ser necessário garantir a disponibilidade de uma inspeção para os produtos. “Há várias agências de inspeção disponíveis. É necessário que a inspeção seja feita por uma agência respeitada, o que gera mais segurança e conforto para os dois lados, vendedor e comprador, e seus interesses estarão protegidos”, declarou. Ele também mencionou a carta de crédito como um instrumento bancário para garantir mais segurança nas transações.
A conferência também contou com depoimento de Danilo Garcia, da empresa brasileira CECIL, que exporta produtos destinados a linha de defesa para governos, e de Abdel Rahman, da companhia egípcia Al Shahed Group. Eles relataram dificuldades em transações financeiras de comércio exterior, que foram comentadas pelos palestrantes.
Este é o décimo de uma série de encontros virtuais que a Câmara Árabe vem promovendo desde o início da pandemia de covid-19, trazendo temas relevantes para a continuidade dos negócios entre empresas e para o aumento das relações entre o Brasil e os países árabes. Pela Câmara Árabe participaram também o diretor de Investimento, Daniel Hannun, e a gerente comercial, Daniella Leite.
Falando sobre due diligence estavam Josh Kemp, dos Emirados Árabes, que é sócio do escritório de advocacia Al Dahbashi Gray (ADG), e Ahmed Alkoby, também da ADG, e do Brasil, o sócio da área de resolução de conflitos e a sócia da área societária do escritório Souto Correa Advogados, Raphael Jadão e Karina Yunan Saad, respectivamente.
Leia também a reportagem sobre o webinar: Due diligence é vital em negociações de todas as proporções.
Acompanhe a conferência online completa abaixo: