São Paulo – Azeite de oliva, tâmaras, azeitonas, sardinhas, pistache, cuscuz, pepino em conserva, canela, morangos congelados. Esses são apenas alguns produtos alimentícios que o Brasil importa dos países árabes e que estão presentes ou podem ser incorporados à ceia de Natal servida por brasileiros. A ANBA entrevistou o chef de cozinha e professor de gastronomia Rosny Gerdes, do Phiroza Gastronomia, para falar sobre as muitas possibilidades desses alimentos.
O azeite de oliva é produzido por diversos países árabes, principalmente do Norte da África, e é considerado uma gordura de base para a culinária. “Conforme a cultura, pode ser usado um tipo de gordura, os franceses usam mais a manteiga, e os italianos e árabes usam mais azeite, e pode ser usado no refogado básico com cebola e alho que é base para muitos pratos, o arroz pode ser um deles. É uma gordura que pode ser utilizada na grande maioria dos pratos”, disse o chef.
Fruta símbolo de grande parte dos países árabes, a tâmara é considerada um superalimento por ser uma ótima fonte de vitaminas e minerais. Multifuncional na culinária, ela pode ser utilizada em pratos doces e salgados e até substituindo o açúcar de cana nas receitas. “A tâmara é uma fruta seca muito característica do Oriente Médio e tem uma simbologia de riqueza muito grande na cultura árabe. Pode ser usada no cuscuz marroquino, brincando com o doce e o salgado, e também em tortas doces. Pode ser picada e inserida no arroz, na farofa, e até em uma salada com castanhas e tâmaras cabe. Eu sirvo muito cuscuz marroquino na ceia de Natal no lugar do arroz”, disse Gerdes.
O cuscuz é um prato típico árabe e muito consumido em diversas regiões do Brasil, conhecido por sua versatilidade. “O cuscuz pode ser aromatizado só com ervas, pode ser feito com cordeiro ou somente com legumes para os veganos. É muito fácil de fazer, em cinco minutos ele está pronto”, disse o chef.
Outro alimento árabe importado pelo Brasil é a azeitona, que tem sabor marcante e é a base do azeite de oliva. “A azeitona pode entrar na ceia como uma tapenade, típica francesa, ela completamente picada e pode ser com salsinha, aliche, alho, faz uma pasta granulada que pode aromatizar por exemplo um bacalhau, uma bruschetta, pode ser parte de uma salada, e também pode ser servida a própria azeitona em si, inteira, com azeite e orégano de entrada”, disse o chef.
A sardinha é outro produto típico, mais encontrado no Norte da África, que pode fazer parte da ceia de Natal. “Sardinha é um peixe muito peculiar, ame-o ou deixe-o. Uma simples sardinha na grelha seria maravilhoso, ou até com molho de tomates para servir como aperitivo. Escabeche de sardinha é algo muito árabe também, com o ácido do vinagre, a gordura do azeite e temperos aromáticos, pode ser muito boa opção para abrir a ceia. O ideal é manter a simplicidade, não precisa enlouquecer com grandes produções”, disse Gerdes.
Os pepinos em conserva também fazem parte dos embarques árabes ao Brasil. “Se souber utilizar, é como coentro, se bem utilizado, sabendo dosar, pode ser colocado em uma salada de batatas com maionese, trazendo crocância e um ponto de acidez”, disse.
Doces
O morango congelado também faz parte da pauta de importações árabes ao Brasil. Para Gerdes, o produto pode ser base para um coulis, um molho de frutas vermelhas para ser servido por cima de sorvete, flan de baunilha ou um cheesecake.
Uma das castanhas mais típicas da culinária árabe, o pistache também é importado pelo Brasil. “O pistache é uma castanha caríssima, muito típica da Sicília, de Bronte, e muito explorada pelos árabes, eles usam muito para sorvetes e sobremesas, aqueles doces árabes maravilhosos. Eu costumo servir uma sobremesa que é um financiers, um bolo de amêndoas e pistache, um clássico francês”, disse.
A canela é uma especiaria das mais utilizadas na culinária brasileira, e boa parte vem dos países árabes. “A canela é minha especiaria predileta e tem peculiaridade nutricional muito importante, além do perfume. Para mim, maçã e canela é mais lindo que um casamento real, então sugiro a sobremesa tarte tatin, uma torta de maçã”, recomendou o chef.