Geovana Pagel
São Paulo – A Caramuru Alimentos é a maior empresa de processamento de grãos de capital 100% nacional do país. Com faturamento da ordem de US$ 400 milhões em 2002 e projeção de US$ 500 milhões para 2003, o grupo tem capacidade de processamento de 1,2 milhão de toneladas de soja e perto de 450 mil toneladas de milho por ano. As exportações representam 43% do faturamento e são escoadas basicamente pelo porto de Santos, em São Paulo.
A meta da empresa é continuar crescendo em média 20% ao ano. Para alcançar esse objetivo, planeja conquistar e fortalecer novos mercados para exportações, como Estados Unidos e Japão. Os países árabes também estão nos planos da empresa.
Sem nenhum investimento em prospecção de mercados nesta região, em 2000 a Caramuru exportou 16 mil toneladas de farelo de soja para a Arábia Saudita e, em 2002, 1.000 toneladas de óleo de girassol para o Egito.
Vale destacar que a Caramuru dedica-se à industrialização de grãos, desde a produção de sementes, armazenagem, degerminação, até o pré-cozimento de milho, extração e refino de óleos vegetais de soja, milho, girassol e também à produção de farelos.
De acordo com o vice-presidente do grupo, César Borges de Sousa, a maior parte das exportações é de commodities e as vendas são fechadas por meio de corretores brasileiros que se informam sobre as oportunidades de negócios no exterior.
“Ficamos inseguros em atuar em um país onde não se conhece nada. Mas é claro que achamos muito interessante prestar atenção em outros mercados”, explica Sousa.
“A cada ano descobrimos uma possibilidade e uma nova maneira de pensar as exportações”, completa. Um representante sediado na região (Oriente Médio ou Norte da África) representaria boas possibilidades de fechamento de negócios, acrescenta.
Exportadora há 30 anos
Considerada uma das 150 maiores empresas do país, a Caramuru, fundada em 1964, em Maringá, Paraná, passou por forte expansão quando transferiu sua estrutura para Goiás, na década de 1970, quando começou a priorizar a soja.
A empresa que completa 40 anos em 2004, iniciou suas exportações há 30 anos. O primeiro país importador foi o Japão.
Atualmente a Europa representa seu principal mercado. Os produtos são enviados principalmente para a Alemanha, Holanda, Inglaterra, França, Suíça e Noruega.
Capacidade de produção
O parque industrial do grupo Caramuru refina 230 mil toneladas anuais de óleos de milho, soja, girassol e canola e a capacidade de armazenamento da companhia soma 1,7 milhão de toneladas de grãos.
A empresa emprega 2.200 pessoas e opera cinco unidades industriais, instaladas em Itumbiara e São Simão, no estado de Goiás, Apucarana (PR), Petrolina (PE) e Fortaleza (CE).
No porto de Santos, a Caramuru opera dois terminais, em parceria com a Citrosuco e com a Brasil Ferrovias, com capacidade de armazenagem de 75 mil toneladas e 130 mil toneladas, respectivamente.
A Caramuru também produz uma grande linha de óleos especiais, saborizados, grãos, pratos pré-cozidos, como polenta e cuscuz, e farinhas, comercializadas sob a marca Sinhá.
Mensalmente, a Caramuru comercializa mais de 30 milhões de unidades de produtos no mercado brasileiro com esta marca.
Investimentos em logística
Em 2003, o grupo iniciou um processo de modernização e ampliação de sua capacidade logística, com entrega de três locomotivas que serão utilizadas no transporte de cargas ao Porto de Santos.
As locomotivas, importadas dos Estados Unidos, fazem parte de um investimento de US$ 10 milhões, que a empresa continuará a fazer nos próximos anos.
Até fevereiro de 2004 serão entregues mais duas locomotivas e 100 vagões graneleiros, cada um com capacidade para movimentar 100 metros cúbicos ou 125 metros cúbicos de carga.
Até 2006 serão incorporados mais cinco locomotivas e 200 vagões, concluindo seu programa de modernização. Os vagões serão alugados para a Brasil Ferrovias para operar no trecho entre os cais e o terminal multimodal de Pederneiras (SP).
Com o investimento, a capacidade pelo modal hidroferroviário, mais competitivo em relação ao modal hidro-rodoviário ou rodoviário, o que se traduz em ganhos de eficiência operacional. Com as 10 locomotivas em operação, a empresa estará transportando cerca de 1 milhão de toneladas de grãos e farelo de soja por ferrovias e hidrovias.
A produção para exportação concentrada nos estados de Goiás e Mato Grosso é processada na unidade de esmagamento de São Simão (GO), de onde parte pela hidrovia Tietê-Paraná. Nessa parte do percurso, ela é levada em comboios com quatro chapas, capazes de receber 6 mil toneladas cada.
A carga segue até o Terminal de Pederneiras, onde passa para a composição ferroviária, que a carrega até Santos. Com essa logística, a empresa consegue uma redução do custo total do frete entre 8% e 10% em comparação com o transporte rodoviário.
A ampliação do uso das ferrovias deverá melhorar o trânsito da região. A partir do ano que vem, com a implantação de um total de cinco locomotivas, cerca de 10 mil viagens de caminhão deixarão de ser feitas. Em 2006, com dez locomotivas, serão 30 mil a menos.
Nova unidade
Ainda no setor de investimentos, a Caramuru projeta a instalação de uma nova unidade industrial em Ipameri, Goiás. A unidade terá capacidade de produção de 2 mil toneladas/dia de processamento de soja. Investimento de R$ 60 milhões até 2004.
A empresa também pretende concluir em breve o projeto da industrialização de óleos vegetais em embalagens pet. “Alguns clientes preferem as embalagens transparentes para poder enxergar o produto”, explica Sousa.
Contato
www.caramuru.com

