Marina Sarruf
São Paulo – Nos últimos cinco anos o número de produtos brasileiros exportados para os 22 países integrantes da Liga Árabe, aumentou em 800 itens. Atualmente são embarcados quase dois mil tipos de mercadoria para a região. "É importante que o Brasil diversifique sua pauta de exportações e busque mercados alternativos", afirmou o vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
Entre os produtos que entraram na pauta das exportações brasileiras para os árabes estão os itens de moda praia, como biquínis, maiôs, saída de praia e acessórios, roupas infantis, máquinas agrícolas, biscoitos e confeitos, autopeças, farelo de soja, trigo, bois e cavalos vivos e sêmen de reprodutores bovinos. No entanto, os principais produtos que saem do Brasil com destino a Liga Árabe ainda são as commodities.
Os quatro primeiros produtos mais exportados para a região – açúcar, carne de frango, carne bovina e minério de ferro – representaram juntos 59% das vendas externas brasileira para o mercado árabe no ano passado. Segundo Castro, apesar dos principais produtos serem de primeira necessidade, as empresas brasileiras começaram a diversificar as mercadorias que vão para a região. "As missões governamentais e empresariais aos países árabes ajudam a vender a imagem do Brasil", afirma.
No ano passado, as vendas externas do Brasil para a Liga Árabe somaram US$ 4,03 bilhões, isso representa um aumento de 178% nos últimos cinco anos. "A participação do país (no mercado árabe) ainda é pequena, porém já demonstra um avanço", disse Castro. Ele acredita que, após a cúpula dos países árabes e sul-americanos, as relações comerciais entre os dois blocos aumentarão.
Um outro fator relevante: nos últimos cinco anos alguns produtos tiveram um aumento significativo. A carne bovina, por exemplo, apresentou um crescimento de 30 vezes, chassis para caminhões, 24 vezes, e automóveis, 72 vezes. Em 2000, o Brasil exportou pouco menos de um milhão. Já no ano passado esse valor passou dos 30 milhões.
Frango
No ano passado, o Brasil exportou US$ 2,6 bilhões de carne de frango. Só para o mercado árabe foram embarcados US$ 672,5 milhões do produto, o que representa 26% do total das vendas externas da commodity. Leite, ovos, mel e animais vivos vendidos aos árabes também se destacam no total das exportações brasileiras, com 20% de participação.
De acordo com Castro, a globalização mundial faz com que, cada vez mais, os blocos se aproximem, o que se torna um fator relevante para aumentar ainda mais as relações comerciais entre o Brasil e os países árabes.
Da Liga para o Brasil
Por outro lado, a diversidade dos produtos importados pela Liga Árabe nos últimos cinco anos não teve um aumento tão significativo como as mercadorias embarcadas pelo país. Os principais itens importados pelo Brasil continuam sendo a maioria petróleo e derivados, como óleo diesel, naftas para petroquímicas e fertilizantes.
No ano passado, as importações brasileiras de países árabes somaram US$ 4,1 bilhões. Desse total, os três primeiros itens já representam 90,7% das compras externas brasileiras da Liga Árabe.
"É preciso conhecer melhor os produtos que os árabes têm para nos oferecer", afirma Castro, que acredita o Brasil poderia importar outros itens além de petróleo e derivados. No entanto, nesses últimos anos, o país também começou a comprar eletroeletrônicos dos Emirados Árabes Unidos, cristais da região, vestuários típicos e objetos de decoração do Marrocos e do Egito. Mas o volume importado ainda é baixo se comparado aos demais produtos da pauta.