São Paulo – Mais empresas do Brasil se uniram ao estande do País no primeiro dia da Feira Internacional de Cartum, quarta-feira (02), no Sudão. Uma delas é a Irriger, companhia mineira que desenvolve projetos de irrigação e já atua na nação africana.
De acordo com o gerente da Irriger no Sudão, Wulf Schmidt, a empresa fez recentemente um projeto para o estado do Norte do país e apresentou propostas para outros dois estados. "Estamos aguardando as respostas deles", disse Schmidt. "Temos muitos projetos em vista", acrescentou ele, ressaltando que a companhia busca também negócios com parceiros privados.
A Irriger, de acordo com o gerente, contratou um engenheiro sudanês e pretende empregar mais dois no futuro próximo. A companhia espera chegar ao final do ano com seis a oito funcionários trabalhando em seu escritório local.
O estande brasileiro na feira é organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pelo Itamaraty, por meio da embaixada do Brasil em Cartum. De acordo com o embaixador Antonio Carlos do Nascimento Pedro, a economia sudanesa tem dois "grandes eixos": a indústria do petróleo e a agricultura.
Além da Irriger, outra empresa ligada à área agrícola presente é a Jumil, de Batatais, no interior de São Paulo, que fabrica implementos agrícolas. Segundo o representante da companhia, Willian Caetano, a Jumil vende ao Sudão desde 2008 e chegou a exportar o equivalente a 2 milhões de euros em plantadeiras e colheitadeiras ao país em 2009.
Ele acredita que a presença de produtores brasileiros no Sudão deverá auxiliar na comercialização de máquinas brasileiras. O Grupo Pinesso está plantando algodão e soja no país africano. De acordo com Caetano, a previsão da Jumil é chegar a US$ 5 milhões em exportações anuais no prazo de cinco anos.
Antes de a feira começar já estavam confirmadas as participações das brasileiras Kepler Weber, que fabrica silos, BRFoods, dona das marcas Sadia e Perdigão, e Grendene, de calçados.
Nova tecnologia
A elas, além da Irriger e da Jumil, se juntou o engenheiro químico Elivelton Almeida, que quer levar ao Sudão a produção de tijolos "ecológicos" feitos a partir de terra e cimento e que usam encaixes para fixação. A ideia é introduzir no país materiais e técnicas de construção mais baratas, indicadas para populações de baixa renda.
Almeida disse que planeja abrir um instituto de novas tecnologias no Sudão ao lado de dois colegas, um canadense e outro australiano. Ele está na feira para mostrar seu projeto e eventualmente atrair investidores interessados em seu desenvolvimento.
De acordo com secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, que está em Cartum, a feira, que está em sua 28ª edição, tem 400 expositores de 13 países. Embora a abertura para convidados tenha ocorrido quarta-feira, ela será aberta ao público nesta quinta.
O embaixador Nascimento Pedro disse que há, entre os sudaneses, grande interesse pelo Brasil e que é esperado um grande movimento na mostra. Apesar do plebiscito de janeiro, que praticamente sacramentou a separação entre o norte e o sul do país, o diplomata informou que a situação é tranquila. "O cenário político e econômico aponta para melhorias", declarou.