Geovana Pagel
São Paulo – O mundo árabe não pára de gerar novos negócios para as indústrias brasileiras de cosméticos. Vita Derm, Cless Cosméticos e Beauty Color são algumas das empresas nacionais que fizeram negócios recentes ou estão em negociação com a região. As exportações do setor para o Oriente Médio cresceram 48% no ano passado em relação a 2004, de US$ 4,8 milhões para US$ 7,1 milhões.
As empresas citadas acima participaram da BeautyWorld Middle East, que acontece todos os anos em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, e neste ano ocorreu entre 22 a 24 de maio. Os brasileiros devem fechar negócios de US$ 10,77 milhões nos próximos 12 meses a partir da feira. O dado é da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec).
"Um dos maiores trunfos da indústria nacional de cosméticos no mercado árabe é o segmento de produtos para os cabelos, que representa 44% do total exportado para a região, seguido de artigos de higiene oral e fragrâncias", afirma João Carlos Basilio da Silva, presidente da Abihpec.
A Vita Derm, a Cless Cosméticos e a Beauty Color participaram da mostra em Dubai com mais 12 empresas brasileiras. Além de vender seus produtos, a Vita Derm pretende capacitar os profissionais árabes. A Vita Derm já trabalha dessa forma em Portugal e nos Estados Unidos. Uma esteticista da empresa viaja com freqüência para os dois países para realizar treinamentos que demonstram a forma correta de utilizar os produtos.
"Estamos negociando com uma grande empresa que é proprietária de um centro profissionalizante", diz o analista de comércio exterior da Vita Derm, Eliseu Simões Neto, sobre o treinamento. Segundo ele, o público alvo da empresa são hotéis, spas e salões de beleza e estética. "É um mercado fantástico. Fiquei impressionado com o potencial para o consumo de produtos com alto valor agregado, que é o caso da Vita Derm", afirmou.
Esta foi a primeira participação da Cless Cosméticos na feira em Dubai. A fabricante de xampus, condicionadores e cremes de tratamento capilar, com sede em Barueri, São Paulo, já exporta para Emirados Árabes Unidos e Kuwait, e está negociando com Arábia Saudita, Iêmen, Egito, Catar e Líbano.
Mauricio Campos, gerente de negócios da empresa, conta que desde que foi criada, no começo de 2005, o foco da empresa no exterior foram os países árabes. "Nossa estratégia de conquista do mercado árabe foi bem delineada. Já apresentamos nossos produtos para a região em embalagens com escrita em inglês e árabe", explica.
Com faturamento anual de US$ 34 milhões, a empresa exporta cerca de US$ 700 mil. A meta para o começo de 2007 é vender US$ 1 milhão para o mercado externo, sendo que a maior destino será o mercado árabe.
Já a fabricante de tintura, xampus e cremes de tratamento capilar, Beauty Color, sediada em Pinhais, no estado do Paraná, participou da feira de Dubai pela terceira vez consecutiva. "A feira desse ano foi muito interessante para conhecermos novos clientes e darmos continuidade nos negócios. É importante que nossos clientes vejam que estamos ali presentes", explica Paulo Roberto Pontinha, gerente de comércio exterior da empresa. A empresa já exporta para Palestina, Jordânia, Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Iraque e Arábia Saudita.
O pavilhão brasileiro na BeautyWorld Middle East 2006, coordenado pela Abihpec com o apoio da Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex), recebeu a visita de cerca de 630 compradores de países como Arábia Saudita, Cingapura, Egito, Iraque, Jordânia, Líbano e Síria.
Emirado da beleza
Os Emirados Árabes Unidos possuem um dos maiores índices de crescimento populacional do mundo, com uma média anual de 5%. Mais de 60% de seus habitantes têm menos de 25 anos, representando um mercado promissor para produtos de beleza. O poder de compra de artigos do setor na região vem crescendo cerca de 19% ao ano. No ano passado superou US$ 2,1 bilhões.
Os espaços destinados ao varejo de cosméticos cresceram em média 30% nos últimos três anos e estima-se que existam mais de 30 mil salões de cabeleireiros na região.

